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Entrevista: Moro fala sobre eleição de 2024 e ao Governo do Estado

Atualizado às 14h02

O senador do Paraná Sergio Moro (União Brasil) afirmou que não tem pensado na disputa pelo Palácio Iguaçu, em 2026, e não tem pretensão de ser candidato a prefeito de Curitiba, mas aprova o nome do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos) para concorrer ao Palácio 29 de Março na eleição do ano que vem.

Moro concedeu entrevista exclusiva nesta segunda-feira (15) aos jornalistas Karlos Kohlbach do Blog Politicamente e Denise Mello da rádio Banda B. O senador falou sobre tudo, desde a questão política até as acusações que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF). Comentou também sobre o ministro Gilmar Mendes e o projeto de lei, de sua autoria, que criminaliza a ameaça ou planejamento de ato contra agente público, advogados ou testemunhas em processos relacionados ao crime organizado que recentemente foi aprovado pela CCJ do Senado.

Eleição prefeitura e governo — Sobre a política local, Moro comentou a notícia que corre nos bastidores da política curitibana de que Deltan, o ex-chefe da Lava Jato no Ministério Público FEderal (MPF), pode disputar a eleição de 2024. “Acho que seria um grande nome porque é uma pessoa que tem currículo, que tem história e fez algo relevante para o país. Ele se arriscou muito porque combater à corrupção neste país é muito difícil. A pessoa se torna alvo de diversas tentativas impróprias de prejudicá-lo. Deltan é um grande nome, se ele vai ser candidato ou não, tem que perguntar para ele. No momento, parece que ele está bastante focado no mandato dele, é a mesma situação  minha, não estou pensando em 2026”, disse, já respondendo sobre a possibilidade de vir a disputar o Palácio Iguaçu.

Fontes do Blog Politicamente dizem que a participação de Deltan na eleição para prefeitura de Curitiba em 2024 seria estratégica para uma futura candidatura de Moro ao Governo do Estado em 2026. Uma eventual vitória, então, pavimentaria a eleição de Moro — já que Curitiba é o maior colégio eleitoral do Estado. Na entrevista, o senador disse que o União Brasil pretende lançar candidato em todo o Paraná.

“Vamos trabalhar para termos bons candidatos a prefeito não só em Curitiba, mas em todo o Paraná. Meu critério é apoiar pessoas boas, preferivelmente, que tenha viabilidade eleitoral para ganhar”, disse Moro. “Não vou apoiar ninguém que não presta, só porque a pessoa pode ganhar e depois me apoiar para alguma coisa”.

Relação com Ratinho e Pimentel — Sobre a relação com o governador Ratinho Junior e o vice-prefeito Eduardo Pimentel, potencial candidato à prefeito de Curitiba, Moro disse manter uma relação cordial com ambos. “Tenho uma relação cordial com ele (Pimentel). É cedo, não vi ele se afirmar como candidato a prefeito, mas vamos acompanhar os desdobramentos”, afirmou de forma reticente.

“Minha relação com o governador (Ratinho) é cordial, participamos de um evento em Maringá juntos. Não sou oposição ao governo do Estado, mas também não fato parte do governo. Tenho atuado de maneira independente e estou à disposição do Paraná para poder ajudar”, completou o senador.

Acusações — Sergio Moro também falou sobre a acusação do advogado Tacla Duran que teria sido alvo de uma tentativa de extorsão no valor de 5 milhões de dólares para que não fosse preso durante a operação Lava Jato. “É uma patifaria. Não existe nada, não tem prova nenhuma. Este indivíduo faz cinco anos que fala isso e não tem prova nenhuma disso porque o fato não aconteceu. Ele (Duran) pagou um advogado, que é o Marlus Arns, advogado respeitado de Curitiba, sobrinho do senador Flavio Arns, para prestar um serviço advocatício. A minha esposa e eu não temos nenhuma relação com o Marlus Arns. Não temos nenhuma relação com este dinheiro. O que aconteceu foi que quando chegou em minhas mão, havia um pedido de prisão contra este individuo, ele estava foragido e era um grande lavador de dinheiro da Odebrecht, e eu decretei a prisão dele”, respondeu.

“Ele (Duran) só está tendo este espaço porque está sendo protegido pelo PT. É uma história estapafúrdia. E se eles (PT) contam com isso para vir contra mim, estão contando com nada”, completou Moro sobre a possibilidade de cassação do mandato no processo que tramita no STF.

Moro comentou ainda a prisão decretada pelo desembargador Marcelo Malucelli do Tribunal Regional Federal da 4° Região, depois que a mesma foi revogada pelo juiz Eduardo Appio, titular da 13° Vara Federal de Curitiba — que anteriormente era ocupada pelo próprio senador da República. Malucelli é sogro do namorado da filha de Moro.

“Nunca houve interferência minha. É um desembargador muito sério do TRF4 que proferiu decisões no caso que ele tem liberdade para proferir. Eu não sou parte no processo. Ele decidia sobre este indivíduo específico. Ele (Malucelli) resolveu se afastar depois daquela celeuma falsa e o caso continua normalmente. Não estou mais na lava jato. O que vemos ali é um juiz (Appio) que tem reiteradamente decidido a favor dos criminosos, anulou uma decisão do TRF contra o Sergio Cabral (ex-governador do RJ) e vem posar com alguma espécie de paladino, mas só se for um paladino de criminosos. No fundo, este juiz sabe disso, tem um problema ali de uma certo desequilíbrio e ele sabe as razões disso”, cutucou Moro.

Horas depois da entrevista, Appio reagiu. Ao Blog Politicamente disse que Moro é investigado pelo STF. “Não bato boca com investigado”.

Moro x Gilmar Mendes — A “relação conturbada” com o ministro Gilmar Mendes e polêmica frase de que “Curitiba tem o germe do fascismo”. “Aparentemente o ministro tem alguma rusga comigo, eu nunca tive este sentimento pessoal contra ninguém. Eu fiz o meu trabalho na Lava Jato. Imagino que o ministro faça o trabalho dele e entenda que ele esta correto. Eu nunca fui para o lado das ofensas pessoais e ele na verdade sempre utiliza ofensas pessoais contra mim”, disse.

“Agora quando ele dá este passo começa a ofender a cidade, falar de fascismo por combater a corrupção. Lugar de bandido que rouba dinheiro publico é na prisão. Isso é aplicação da lei. Não tem nada a ver com fascismo. Isso tem a ver com uma tentativa de desvio da responsabilidade destes aí que roubaram milhões e até bilhões da população e querem sair impunes. Repúdio esta frase do ministro, vi que depois ele buscou se retratar, mas sinceramente Curitiba não merece este tipo de ofensa”, concluiu.

Projetos no Senado — Moro adiantou que protocolou um projeto de lei que pretende evitar a devolução de bens confiscados pela justiça para traficantes — como aconteceu no caso de André do Rap que consegui reaver o helicóptero apreendido. “É um absurdo isso. A ideia do projeto é deixar claro na lei para que não se devolve bens oriundos do tráfico de drogas, mesmo em caso de sentença de anulação”, explicou.

Na semana passada, a CCJ do Senado aprovou o projeto  de autoria de Moro que criminaliza ameaça ou planejamento de ato contra agente público, advogados ou testemunhas em processos relacionados ao crime organizado, na esteira da operação da Polícia Federal que descobriu um plano do PCC para sequestrar Moro. “Vamos acompanhar a votação na Câmara agora. Outro projeto que eu apresentei, que foi aprovado na comissão de segurança do Senado, foi de ampliação do banco nacional de DNA, que é uma prova importante no processo penal, e fez uma enorme diferença no caso Raquel Genofre”, explicou.

 

Redação:

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