Por Carol Nery
Em uma entrevista de muitos adjetivos, a jornalista Cristina Graeml (PMB), segunda colocada na corrida pela prefeitura de Curitiba com 390 mil votos, soltou o verbo e criticou o prefeito eleito, Eduardo Pimentel (PSD), a imprensa curitibana, assim como falou do futuro político e até sugeriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) nacional dos institutos de pesquisas. Cristina estava à vontade e “em casa”, pois foi entrevistada na tarde desta terça-feira (29) no programa Sem Rodeios, da Gazeta do Povo — do qual já fez parte da bancada como apresentadora.
Cristina falou sobre os nove meses intensos de campanha eleitoral, desde que deixou a Gazeta do Povo, no final de abril de 2024, para dedicação exclusiva. Logo no início da participação, ao fazer uma avaliação sobre toda a jornada eleitoral, Cristina classificou a experiência de concorrer contra Eduardo Pimentel como uma “canalhice e covardia desses homens contra uma mulher”.
A ex-candidata afirmou que foi “vítima de uma indústria da calúnia”, se referindo especialmente ao plano que anunciou de um novo sistema de cobrança de tarifa e que acredita ter sido o que minou as intenções de voto em seu nome, e também criticou a imprensa.
“Mais triste foi ver a canalhice da imprensa, embarcando nas calúnias, sem ao menos checar, inventando condenações [do candidato a vice-prefeito, Jairo Aparecido Ferreira Filho] em processos que sequer existem”, declarou. Ao contrário do que ela disse, Jairo Aparecido Ferreira Filho, foi sim condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal numa ação civil a devolver R$ 90 mil num processo de quebra de contrato.
Cristina também insistiu no discurso de que a campanha de Eduardo era de esquerda disfarçada de direita e que o PT, que se declarou neutro assim que terminou o primeiro turno, estaria apoiando a candidatura contrária.
Depois de um surpreendente crescimento, no qual saltou de um dígito nas pesquisas eleitorais do primeiro turno para a disputa em segundo turno das eleições de Curitiba e conquistar 42,69% dos votos, Cristina disse que “jamais será a mesma depois dessa eleição”. Aliás, Cristina acusa os institutos de pesquisa de velarem seu nome mesmo quando sua candidatura já era oficial frente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e insinuou pagamentos por parte da sua oposição aos institutos de pesquisa na entrevista. Inclusive ela sugeriu que pudesse haver uma CPI nacional para investigação.
Cristina Graeml se prepara para reuniões políticas em novembro
Passadas apenas 48 horas do resultado das eleições municipais de Curitiba e fim de uma caminhada pela prefeitura neste pleito, Cristina pretende descansar e viajar nos próximos dias e dar “uma curtida com a família”. Mas garantiu que volta à ativa na semana que vem. Se por um lado, como ela mesma declarou na entrevista, “ainda está muito cedo” para falar sobre futuro político, por outro a jornalista tem compromissos com foco nesta temática.
“Já estou recebendo demandas de inúmeros políticos, de partidos diversos, inclusive de partidos que apoiaram o meu adversário. Isso já vinha acontecendo no segundo turno. E eu ainda não tive tempo nem de avaliar. […] Quando voltar, na semana que vem, quero começar uma série de reuniões políticas, porque é um capital político que não se deve desprezar”, disse.
Muitos cogitam desde a noite de domingo uma candidatura de Cristina à Câmara dos Deputados ou, os mais otimistas, ao Senado nas eleições gerais de 2026. Ela disse na entrevista se sentir “preparadíssima” para liderar qualquer uma das frentes. “A gente mostrou em Curitiba e várias outras cidades, que existe uma direita muito combativa, honesta e que não aceita nenhum conchavo, nenhuma aliança suja. Porque foram muitos que tentaram se aproximar de mim, especialmente no segundo turno, e você tem que saber dizer não”, afirmou a jornalista.
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A jornalista também falou sobre o que chamou de “estupenda” declaração do novo presidente estadual do PMB, Irineu Carlos Fritz, de que o partido estaria neutro no segundo turno, mesmo tendo uma candidatura própria na capital. Cristina também comparou o feito de ser a mulher mais votada para um cargo público em Curitiba fazendo uma analogia ao feito da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT), lembrada por ela como, até então, a maior expressão feminina no Paraná.
Por fim, Cristina alertou os curitibanos para que Eduardo Pimentel seja cobrado da promessa, nesta campanha, de entregar dez mil vagas de creches e zerar a fila, ainda como vice-prefeito, até o fim do ano de 2024.