O mesmo PSDB do Paraná que conseguiu emplacar um improvável tucano no restrito e cobiçado cargo no Conselho de Administração da Itaipu, é o que está prestes a conquistar uma diretoria na Fomento Paraná no governo Ratinho Junior.
Apesar de esfacelado, o PSDB de hoje não é nem a sombra do que já foi, se mantém a pecha que desde o início lhe foi dada: um partido em cima do muro. Nem cá nem lá. E com os pés nas duas canoas.
Talvez, justamente, a dificuldade de se definir nos momentos decisivos explique o definhamento do PSDB nos últimos anos. O vai e vem recente mostra os tucanos voando para o lado do então presidente Jair Bolsonaro e depois uma revoada para o lado do PT de Lula. Este movimento acontece no ninho tucano no Paraná.
Se na eleição de 2022, o PSDB não esteve nem com Ratinho nem com o PT — na figura do candidato Roberto Requião –, passado o período eleitoral os tucanos se abraçaram com os dois. Mas a proximidade é mais explícita, tanto quanto improvável, com o PT de Lula.
Na Assembleia Legislativa, as duas únicas representantes do PSDB, Mabel Canto e Cristina Silvestri, parecem seguir a estratégia de atuar na interseção PT/Ratinho. Ora vota com o governo, ora desfere críticas engrossando o discurso da oposição.
Tucanos indicados — Enquanto passam por esta espécie de crise de identidade, o PSDB vai arrematando cargos estratégicos tanto lá, quanto cá. Primeiro foi a inesperada nomeação de Michele Caputo, uns dos homens de confiança de Beto Richa, no Conselho de Administração da Itaipu. E agora, é a vez de Mounir Chaowiche — tão ou mais próximo de Richa quanto Caputo.
O Blog Politicamente apurou que o nome de Mounir foi aprovado durante a reunião do Comitê de Indicação e Avaliação da Fomento Paraná para ocupar o cargo de Diretor de Operações do Setor Público — com salário de pouco mais de R$ 31,5 mil. A função era desempenhada por Wellington Otávio Dalmaz até 31 de janeiro de 2023. Desde então, Renato Maçaneiro, que é Diretor de Operações do Setor Privado, acumula o cargo.
O presidente deste comitê é João Carlos Ortega — secretário da Casa Civil e homem de confiança do governador Ratinho Junior. Com o nome aprovado, Mounir aguarda o aval agora do Banco Central para assumir a diretoria da Fomento.
Quando 2024 chegar… Este namoro tanto com Ratinho quanto com o PT de Lula poderá sofrer um abalo em 2024 — quando começarem as definições da disputa pela prefeitura de Curitiba e o partido tenha que “descer do muro”. O PSDB quer lançar candidato, não só na capital, mas nas maiores cidades do Estado — numa estratégia de manter o partido vivo politicamente.
Em Curitiba, o nome de Beto Richa está para jogo e ele, ao Blog Politicamente, já afirmou que não descarta disputar novamente o Palácio 29 de Março. Só resta saber se até lá não virá um novo revés na Justiça.
Caso o PSDB não chegue num eventual 2° turno e se depare com uma espécie de “escolha de Sophia” entre Eduardo Pimentel, candidato de Ratinho, e um aliado de Lula, a tendência é dos tucanos “avermelharem”. Mesmo Beto Richa tendo relações pessoais com Pimentel — afinal foi o tucano quem “abriu as portas da política” ao neto do ex-governador Paulo Pimentel.
Enquanto 2024 não chega, o PSDB vai se posicionando no governo Lula e no Palácio Iguaçu.