Como já era de se esperar, o eleitorado mais ligado à esquerda de Curitiba “ficou pequeno” para Luciano Ducci (PSB) e Roberto Requião (Mobiliza). E os dois começam a dividir a mesma fatia do eleitorado. O temor é um engalfinhamento dos ex-prefeitos que não levem a esquerda a um eventual segundo turno. Tudo que o PT e Gleisi Hoffmann não queriam quando configuraram, pensando já em 2026, uma candidatura única da frente ampla de esquerda para as eleições de 2024 em Curitiba. Só não previam Requião entrar na disputa pelo nanico Mobiliza.
A “bandeira branca” parece ter sido arriada — pelos dois lados. A campanha de Ducci entrou, até agora, com seis ações na Justiça Eleitoral e obteve êxito em todas elas — pelo menos em 1ª instância. O objeto foi o mesmo: Requião não fez constar o nome do vice Marcelo Henrique nas postagens publicadas nas redes sociais. Além de ter que retirar do ar, a Justiça Eleitoral aplicou multas que já somam R$ 150 mil — dinheiro que Requião não dispõe na campanha eleitoral e o PSB sabe disso.
Apesar de parecer um detalhe, a legislação eleitoral estabelece que toda e qualquer propaganda dos candidatos a cargo majoritário deve constar os nomes dos candidatos a vice, de modo claro e legível, em tamanho não inferior a 30% do nome do titular. Requião já recorreu das decisões ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) — trabalho que está à cargo do advogado Fernando Knoerr.
Numa campanha com recursos extremamente escassos — o Mobiliza tem R$ 3,4 milhões para financiar candidatos em todo o país, R$ 150 mil fará uma falta danada. Só para se ter ideia, até esta terça-feira (10), Requião arrecadou R$ 88.861,17, sendo que R$ 80 mil foi depositado na conta da campanha pelo próprio Requião. Outros R$ 8,8 mil foram doados por apoiadores.
Ao Blog Politicamente, o advogado Luiz Eduardo Peccinin, que comanda o jurídico da coligação Curitiba + Social e Humana, que tem Luciano Ducci como candidato, explica que as ações propostas contra Requião foram uma reação.
“Atacar a campanha do ex-governador não estava em nossa estratégia inicial, porém fomos provocados a agir após sua campanha tentar nos punir na justiça e perder. Como se vê, Requião deveria estar mais preocupado na legalidade de sua campanha do que atacar a de seus adversários de modo infundado. Esperamos que agora a disputa fique apenas no campo da política”
A troca de farpas na Justiça Eleitoral tem o mesmo objetivo: um quer minar a candidatura do outro para conquistar os votos dos simpatizantes da esquerda — já que muito dificilmente haverá espaço para os dois num eventual segundo turno. A cutucada também não pode ser muito abaixo da cintura, já que os dois podem andar de mãos dadas se um deles avançar para a “prorrogação”.