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Deputados discutem sucessão de Traiano na presidência da Alep

A sucessão de Ademar Traiano (PSD) na presidência da Assembleia Legislativa, que já era discutida nos corredores e em alguns poucos gabinetes parlamentares, deve voltar à pauta dos deputados estaduais. A situação do presidente se agravou depois que a RPC TV divulgou parte da gravação em que ele negocia o pagamento de propina de R$ 100 mil com o empresário Vicente Malucelli — que em 2015 mantinha contrato com o poder legislativo.

A gravação, assim como a delação premiada feita pelo empresário, são as principais provas do ato de corrupção acostadas no ANPP (Acordo de Não Persecução Penal) e ANPC (Acordo de Não Persecução Cível) que tanto Traiano, quando Plauto Miró, assinaram com o Ministério Público, por livre e espontânea vontade, confessando o pagamento de propina de R$ 100 mil para cada um. Por conta da assinatura destes acordos, eles não respondem a nenhum processo na Justiça sobre estes fatos — conforme previsto em lei.

A situação que já era delicada se agravou ainda mais ontem após a divulgação da gravação — o que vai acelerar as discussões sobre a sucessão. O Blog Politicamente apurou que Traiano não deve deixar o cargo e que poucos deputados devem comentar o caso publicamente. O deputado Fábio Oliveira (Podemos) deve ser o único a tratar do caso na sessão desta terça-feira. A tendência é que Traiano presida a sessão e acompanhe, do alto da Mesa Executiva, o discurso de Fábio Oliveira — por mais dolorido que seja.

Mudança de regras — Nos bastidores a sucessão já é articulada. Foi protocolado um projeto de lei na Casa em que muda as regras da eleição para a Mesa Executiva. Dois pontos chamam a atenção na nova redação que se quer dar no Regimento Interno. O primeiro deles, veda a reeleição para o mesmo cargo — mas permite, por exemplo, que o presidente  concorra a outro cargo da Mesa. O novo texto já está de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) que veda a manutenção no mesmo cargo.

A outra novidade do projeto de lei é a votação que passaria a ser realizada para cada cargo, separadamente — não mais em chapa com todos os postos da Mesa Executiva já definidos. Para a presidência o assunto já está praticamente pacificado. Alexandre Curi, atual 1° secretário, só não vai presidir a Assembleia Legislativa se não quiser.

A grande disputa — O problema é quem vai ocupar a 1ª secretaria — que detém chave do polpudo cofre da Casa? Pelo menos quatro deputados estão de olho nesta cadeira. O líder do governo, deputado Hussein Bakri, é um que gostaria de deixar a liderança para assumir o segundo cargo mais importante na Alep. Marcel Micheletto, que é muito próximo do governador Ratinho Junior, é outro que tem esta pretensão.

A deputada Maria Victória, do PP, quer dar um upgrade — pular da 2ª secretaria para a 1ª. E, por fim, quem também está de olho neste cargo é ninguém menos que Ademar Traiano. Já ciente que não poderá se reeleger, por vedação do STF, Traiano quer permanecer na Mesa — apesar do escândalo do pagamento de propina.

Nos corredores, o corpo a corpo dos candidatos a 1° secretário junto aos deputados já começou. Alguns já falam, abertamente, até em distribuição de cargos em troca de voto.

Vai pautar? — A dúvida, no entanto, é se Traiano vai colocar o projeto que muda as regras da eleição da Mesa na pauta de votação. Alguns deputados ameaçam até trancar a pauta. Para o atual presidente a votação de cada cargo da Mesa de forma separada pode até favorecer os planos políticos dele — já que mantém excelente trânsito com praticamente todos os deputados, com excessão, óbvia, de Renato Freiras (PT) e Fábio Oliveira.

O Palácio Iguaçu, do outro lado da rua, por ora só observa e monitora a movimentação de sucessão de Traiano na Assembleia Legislativa. O discurso oficial é que o governo não vai se intrometer nesta eleição da Mesa, mas algumas fontes do Blog Politicamente contam que os palacianos vão aguardar as candidaturas se postarem e, dependendo do cenário, pode ou não intervir junto à bancada governista.

 

A sorte está lançada.

 

Foto: Orlando Kissner/Alep

 

Redação Redação:

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