Pegou mal a fala do deputado Delegado Jacovós (PL) durante a convenção do partido, realizada ontem em Curitiba. Discursando para “os seus”, Jacovós, que é integrante da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa, disse que “lá levo uma ponto 40 (pistola) o pessoal fica com medo e aprova tudo”.
O discurso provocou reação. O deputado e primeiro secretário da Casa, Luiz Cláudio Romanelli (PSD) disse ao Blog Politicamente que “o regimento da Alep proíbe o porte de arma de fogo a qualquer pessoa, com exceção daqueles que promovem a segurança da Casa, em plenário e nas comissões. A informação, portanto, não procede. Caso queira andar armado, que é um direito para quem tem porte, o armamento deve ficar no gabinete, sendo proibida a circulação na Casa”, completou.
O petista Tadeu Veneri, colega de Jacovós na CCJ, negou que a comissão “aprova tudo” e refutou qualquer tipo de medo. “Eu mesmo apresentei vários votos em separado contra pareceres do deputado Jacovós — o último deles sobre o projeto absurdo de introduzir ideologia de gênero nas escolas do Paraná”, comentou Veneri.
Comportamento estranho — Deputados ouvidos pelo Blog Politicamente estranharam a declaração uma vez que Jacovós é bastante cortês e educado no trato com os deputados. A avaliação é que Jacovós “se emocionou” diante da plateia. “Quem fala demais, da bom dia a cavalo”, disse um parlamentar. ” Embora delegado de polícia, e as pessoas acharem que é turrão, o deputado Jacovós é extremamente cordial, dialoga muito bem e é conhecido na Casa pela cordialidade que trata todos os temas e seus pares”, disse outro deputado estadual.
Explicação — Procurado pelo Blog Politicamente, Jacovós disse em nota que “nunca portou nenhum tipo de arma nas dependências da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), respeitando as normas regimentais da Casa de Leis”. E com relação a declaração na convenção, afirmou que “tratou-se, apenas, de um momento de descontração em razão da dificuldade na aprovação de pautas conservadoras, tanto no Estado como na Federação. E que na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), este parlamentar tem bom relacionamento, respeito e consideração por todos os integrantes”. Por fim disse que em 32 anos na Polícia Civil do Paraná, somente necessitou fazer uso de armas contra marginais, em defesa da sociedade paranaense”.
Presidência — Já o presidente da Casa, deputado Ademar Traiano, reafirmou a proibição do uso de arma no prédio da Assembleia e que “é vedado a qualquer deputado entrar no plenário ou reunião de Comissões portando arma. Qualquer declaração em contrário é de inteira responsabilidade do parlamentar”.