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O ainda deputado federal do Paraná Deltan Dallagnol (Podemos) foi o entrevistado ontem (29) no Programa Roda Viva — mesmo programa que ganhou notoriedade em Curitiba depois da polêmica entrevista concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.
Deltan não fugiu de nenhum assunto. Falou do passado, da operação Lava Jato, do presente, momento pelo qual passa de iminente perda de mandato, e do futuro. Ele voltou a fazer críticas ao STF e ao processo de cassação do mandato dele, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Comentou que um ministro chega ao tribunal superior não só pela indicação do presidente, mas por ser apoiado por uma série de grandes partidos políticos e “figurações da nossa República”. Uma estratégia política equivocada para quem depende agora da Suprema Corte para salvar o mandato. Sobrou até para o ex-chefe de Deltan, o procurador-geral da República, Augusto Aras, que, segundo Deltan, cometeu vários equívocos na Lava Jato.
Poupou Bolsonaro — O ex-chefe da Lava Jato no Ministério Público Federal do Paraná não poupou críticas ao presidente Lula, mas “aliviou” quando perguntado sobre a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia da Covid-19, que terminou com a morte de mais de 700 mil brasileiros.
Deltan tergiversou. Disse que não estava ali para desunir a direita e que não era gestor público nem de saúde para fazer a avaliação das decisões de Bolsonaro no âmbito da saúde pública.
Não precisa ser gestor, nem especialista em saúde, para apontar equívocos, e não foram poucos, na condução de Bolsonaro no período da Covid. Quando o presidente incentiva o seu povo ao não se vacinar, não precisa ser especialista em nada para fazer uma avaliação, basta acreditar na ciência.
Tensão x descontração — A entrevista teve momentos tensos, como no embate com o jornalista do veículos de imprensa que publicou reportagens da chamada “Vaza Jato” que culminou aí com a sombra de suspeições que terminaram numa avalanche de anulações de decisões. Deltan voltou a fazer uma defesa integral da Lava Jato, negou qualquer irregularidade ao longo das mais de 70 fases da operação, e disse que as decisões que derrubaram a Lava Jato são fruto de mudança de regras e entendimento no meio do jugo promovidas pelo Congresso Nacional e pelo STF.
Teve também momentos descontraídos. Um deles muito repetido, foi o fato do Deltan falar muito rápido. O próprio Deltan reconheceu isso e chegou a dizer que estava muito acelerado e que o combustível dele era a injustiça. Ao final da entrevista brincou: dizendo que, caso fique sem mandato, ele pode virar locutor de corrida de cavalo ou de futebol.
Sobre o futuro, Deltan disse já recebeu várias propostas, mas que, se o STF mantiver a decisão de cassação, ele pretende tirar um tempo para refletir. Afirmou ainda que não acreditava que veria Eduardo Cunha, Beto Richa e Aécio Neves voltando para política. E terminou reconhecendo: o sistema venceu a batalha contra ele.