“Debate tem que ser sobre a cidade de Curitiba e não sobre direita e esquerda”, diz Goura

Com uma certa dose de alívio, depois de uma longa negociação para a formatação da frente ampla da esquerda em Curitiba, o deputado estadual Goura Nataraj foi referendado pelo PDT como vice de Luciano Ducci na disputa pela prefeitura da capital, durante a convenção realizada no fim da tarde deste sábado. Carlos Lupi, presidente da executiva nacional do PDT, que deu o último aval à aliança do Rio de Janeiro, mandou um vídeo desejando sorte à chapa PSB/PDT, que será “fundamental para o alinhamento ao governo do presidente Lula”.

Representantes de todos os partidos da frente foram abençoar a chapa Ducci/Goura. E, neste domingo, eles devem novamente se unir — desta vez durante a convenção do PSB de Ducci.

“É um alívio. Chegou o momento que a gente tanto esperava”, discursou Goura para uma plateia de correligionários e pré-candidatos à vereança de Curitiba. O pedetista fez críticas pontuais à atual gestão de Rafael Greca e Eduardo Pimentel — pré-candidato do PSD ao Palácio 29 de Março. Falou do aumento de imposto em Curitiba, da tarifa de ônibus mais cara dentre as capitais do país e prometeu retomar a domingueira na cidade — extinta por Greca num dos primeiros atos como prefeito.

Goura falou ser possível pensar em tarifa zero no transporte público de Curitiba desde que haja interesse e vontade política — já que exigiria uma série de alteração na legislação vigente. E disse ser necessário a prefeitura pensar em políticas ambientais que tratem sobre o problema de mudança climática. Ao relembrar uma recente viagem a Muçum, cidade do Rio Grande do Sul devastada pela enchente, se emocionou.

“Uma coisa é ver na tv, outra coisa é ir lá no local e ver uma destruição imensa. O problema da mudança climática está acontecendo, não vai acontecer, já está acontecendo”, afirmou, lembrando que Curitiba passou por uma recente crise hídrica. E ainda que Ducci é autor de uma lei, sancionada por Lula, que prevê educação ambiental nas escolas.

Ao final do discurso, Goura defendeu que durante a campanha eleitoral em Curitiba a cidade seja debatida, não a polarização entre a esquerda e a direita. E prometeu uma gestão mais igualitária, com paridade de gênero e raça.

Ducci foi quem subiu o tom contra a atual gestão da cidade. “Não vamos desalojar famílias curitibanas no frio, privatizar escolas em Curitiba, deixar as crianças sem creche”, disse o ex-prefeito, que agradeceu ao PDT e aos partidos da federação (PT, PCdoB e PV) e mandou um recado à militância. “Nossa militância, nossos candidatos a vereador e vereadora de todos os partidos da frente ampla serão fundamentais para nossa vitória em Curitiba”.

Ana Júlia, deputada estadual do PT que representava o presidente estadual do partido, Arilson Chiorato, conclamou a militância para defender a chapa Ducci e Goura nas ruas, dizendo que eles são os candidatos do presidente Lula em Curitiba.

Goura defende unidade da esquerda para chegar ao 2º turno

No meio de petistas e pedetistas, tinha um tucano compondo a mesa de autoridades. O conselheiro da Itaipu, Michele Caputo, começou dizendo que infelizmente não falava em nome do PSDB e afastou o rótulo de Curitiba ser uma cidade Bolsonarista e lavajatista.

“Infelizmente não falo em nome do meu partido, que não fez o que o PDT está fazendo. De não ter entendimento do cenário político do país, da necessidade dos democratas andarem juntos. Temos mais convergência do que divergência e estamos enfrentando os golpistas”, disse Caputo, citando ser amigo de quatro décadas de Luciano Ducci. Apesar da pré-campanha de Beto Richa (PSDB) ao Palácio 29 de Março, Caputo deve ser um dos coordenadores da campanha de Ducci.

Após a convenção, Goura disse ao Blog Politicamente os motivos que o levaram a deixar de concorrer nestas eleições, já que em 2020 ele terminou atrás só de Greca. “Eu sempre falei que precisávamos de unidade, que numa eleição majoritária a unidade é importantíssima. Não existe êxito andando sozinho, isolado”, avaliou. “Hoje a nossa convenção oficializa este processo. A política acima de tudo é um processo coletivo. As vezes temos que abrir mão de um projeto pessoal em prol de um objetivo maior. Isso me levou a esta escolha e entendo que é a única chance que a gente tem de irmos para o 2º turno e apresentarmos para a população as propostas que a gente construiu”.

 

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