Faltando 15 dias para a abertura das urnas, Lula e Jair Bolsonaro cumpriram agenda no Paraná com o mesmo objetivo: tirar voto do adversário. Para isso usaram o mesmo mote: vamos vencer no 1 turno.
Usaram estratégias semelhantes. Reuniram os seus e discursaram para a militância inflamada. Bolsonaro esteve em Prudentópolis e Londrina na sexta-feira. No sábado, pela manhã, foi a vez de Lula desembarcar em Curitiba.
Poucas coincidências durante a manifestação pública dos presidenciáveis. Mulher foi o tema destacado por ambos. Assim como pedir votos para seus candidatos. O Capitão pediu por Ratinho Junior, que esteve na agenda só de Prudentópolis, Paulo Martins ao Senado e pelo deputado federal Filipe Barros — anfitrião do evento na Arena de Shows do Parque Ney Braga, depois, claro, de mais uma edição da Motociata do presidente. O petista, por sua vez, pediu voto para Roberto Requião, Rosane Ferreira e os candidatos da coligação do PT na eleição proporcional presentes no palco montado na Boca Maldita — tradicional reduto político de Curitiba.
O que eles falaram? — Lula e Bolsonaro evitaram citar nominalmente o concorrente. Tarefa que ficou para quem os antecedeu nos discursos. Pouquíssimas propostas. E coro de Fora Lula e Fora Bolsonaro eram ouvidos entre uma fala e outra. Os cânticos predominantes foram “Mito, Mito, Mito” em Londrina e “Olê, Olê Olá, Lula lá, Lula Lá” na capital paranaense.
Bolsonaro bateu na tecla da corrupção do governo petista e do programa social Auxílio Brasil — comparando com o Bolsa Família do PT. Destacou as pautas conservadoras, se disse um presidente cristão num país laico e, radicalmente, contra ideologia de gênero, aborto e liberação de drogas.
Lula, por sua vez, dedicou parte do discurso para condenar a violência contra mulher, o garimpo ilegal e o desmatamento na Amazônia, pregando o respeito pela diversidade e pela liberdade religiosa. Disse que fez questão de retornar a Curitiba e que ama a capital paranaense pois foi aqui que conheceu a paranaense Janja e decidiram se casar. O encontro entre eles aconteceu quando ex-presidente esteve preso na sede da prisão Polícia Federal por 580 dias, após condenação em um dos processos da Lava Jato. Aliás, o “bom dia, presidente” foi repetido pela multidão — coro repetido diariamente no Santa Cândida.
Moro — Por falar em Lava Jato, Sergio Moro, que foi o juiz da operação mais famosa do país de combate à corrupção, foi citado no discurso da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann — que disputa uma cadeira na Câmara Federal. Ela lembrou que Moro tentou ser candidato ao Senado por São Paulo mas, depois de ser “escorraçado”, lançou a candidatura pelo Paraná. “Curitiba não é uma república. Moro não será senador pelo Paraná”, disse a “presidenta” petista. No evento do Capitão Bolsonaro, nem um “a” sobre o ex-juiz federal.
Alguns fatos chamaram a atenção no evento. Na Boca Maldita, o PT trouxe a “tropa toda”. Além de Lula, Requião, Gleisi e Rosane, o senador Randolfe Rodrigues, Manuela D`Á vila, Aloísio Mercadante e a ex-presidente Dilma Rousseff — ovacionada pelos presentes. Ao discursar, se perdeu em alguns momentos — o que lhe rendeu memes durante a passagem pela presidência. Hoje em Curitiba, chamou Manuela de Maria. Depois se corrigiu.
Obituário — Requião, ao começar ao discurso, arrancou risada dos petistas. Ao ser anunciado, o mestre de cerimônias leu o “currículo político” dizendo que o candidato ao governo tem 81 anos. Ao pegar o microfone, Requião soltou: “ao falar minha idade no início, parecia meu obituário”. Fez discurso firme, como lhe é habitual. Criticou a isenção fiscal de R$ 17 bilhões do governo Ratinho e citou a alta nas contas de água e luz. E ao final mandou: “Não vale a pena ser governador do Paraná, se o Lula não for presidente do Brasil”.
Em Londrina, menos curiosidades — até porque o evento foi mais curto. Bolsonaro levou mulheres candidatas para o palco e fez questão de enaltecê-las, posando para muitos de cliques. Chegou com Paulo Martins na garupa da moto — seguido por centenas de apoiadores na Motociata.
A passagem de Lula e Bolsonaro pelo Paraná nestes dois dias mostra que ambos estão em lados completamente antagônicos — mas têm semelhanças. Mantêm uma militância fiel que os idolatra ea mesma esperança: vencer as eleições no 1 turno.