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Por Carol Nery
Nesta reta final de campanha eleitoral, a candidata a prefeita de Curitiba Cristina Graeml (PMB) resolveu dar “all in” — quando o jogador de poker aposta todas suas fichas no jogo. É ganhar ou perder. Nesta terça-feira (1º), ela voou até São Paulo para gravar um vídeo ao lado de Pablo Marçal — candidato a prefeito da capital paulista pelo PRTB. Um dos principais atores políticos destas eleições municipais no Brasil declarou apoio à jornalista e estreante nas urnas.
As imagens já ganharam as redes sociais de Cristina nesta quarta-feira (2). É mais um passo na estratégia política bastante cristalina de conquistar o eleitorado de direita de Curitiba. “Curitiba e São Paulo estão unidas contra o sistema. A direita fará história neste domingo”, escreveu ela na postagem que foi compartilhada na imensa rede de Pablo Marçal.
O ex-coach abre o vídeo saudando os curitibanos e, de cara, declara seu apoio para Cristina.
“Fala, Curitiba querida! Essa aqui é nossa próxima prefeita”, afirma o candidato a prefeito de São Paulo.
No conteúdo, Marçal compara as duas candidaturas, ao afirmar que ambos vivem um cenário semelhante, cada um em sua capital, mas que o voto está nas mãos da população. “Falando de todo meu coração, essa mulher guerreira está passando o que eu estou passando aqui em São Paulo, só que esse mandato é do povo. A liberdade não tem dono, guarda isso no seu coração. Mulher conservadora, de direita. Taca o 35 nessa urna aí e vamos virar esse jogo, hein, Curitiba! E tamo junto”, diz.
O candidato encerra o vídeo de apoio para Cristina enaltecendo a cidade de Curitiba e convidando os eleitores a votarem na candidata do PMB.
“Já sei que essa cidade é organizada, mas pode ir para outro patamar agora com a Cristina. Digita o 35 e bora”, sugere Marçal.
Cristina Graeml e Pablo Marçal realmente têm muito em comum. Ambos concorrem em uma eleição pela primeira vez, não têm tempo de propaganda eleitoral na televisão e no rádio, porém, focam suas campanhas nas redes sociais. Além disso, outra semelhança é que os dois sofrem com ataques de adversários em suas respectivas capitais. É bem verdade que as críticas para cima de Cristina Graeml começaram agora, nesta reta final da campanha — diferentemente do caso de Pablo Marçal.
Neste sentido, sobre Cristina respingam três acusações contra seu candidato a vice-prefeito, Jairo Filho (PMB), por supostos crimes de estelionato, apropriação indevida de dinheiro e participação em esquema de pirâmide financeira que ultrapassaria R$ 1 milhão. Jairo Filho, contudo, não tem condenação em nenhuma das ações contra ele — e teve o registro deferido pela Justiça Eleitoral. Pablo Marçal, por sua vez, costuma ser atacado por conta de suspeitas de ligação do presidente do PRTB, Leonardo Avalanche, com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Mas ambos dividem a mais importante e, talvez, decisiva das coincidências: o apoio de grande parte do eleitorado de direita, apesar da ausência do apoio declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro — apesar de publicar nas redes sociais uma foto dela ao lado do Capitão, Bolsonaro nunca declarou efetivamente apoio à campanha do PMB em Curitiba. Bolsonaro preferiu tomar outros rumos.
Na capital paranaense, Bolsonaro segue os passos do governador Ratinho Junior (PSD) e apoia Eduardo Pimentel (PSD), cujo apoio oficial foi divulgado no último fim de semana, nas redes do candidato curitibano. Já na capital paulista, o ex-presidente vai com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A grande diferença entre eles é o desempenho eleitoral. Enquanto Pablo Marçal usa e abusa da estratégia de fazer cortes de vídeos dos debates para redes sociais, que o colocou no topo da disputa da mais importante capital do país, num empate triplo com Nunes e Guilherme Boulos (Psol), Cristina Graeml luta para chegar ao 2º turno para enfrentar Eduardo Pimentel em paridade de armas.
Difícil prever o reflexo do apoio de Pablo Marçal a Cristina nas urnas. Depois do episódio da cadeirada contra o candidato Datena (PSDB), durante um debate em São Paulo, e toda a repercussão que veio a seguir, o ex-coach tem sofrido com o crescimento da rejeição junto ao eleitorado paulista.
E, por fim, as perguntas que ficam: Cristina vai adotar o mesmo tom de Pablo Marçal no debate eleitoral e que tem, por outro lado, conquistado adeptos da campanha do candidato do PRTB na corrida pela prefeitura de São Paulo? E ainda, em um eventual segundo turno em Curitiba entre Cristina e Pimentel, quem levaria a melhor na capital: o candidato de Bolsonaro ou a candidata de Marçal? Bolsonaro permanecerá abraçado ao PSD em Curitiba?
O debate desta quinta-feira (3) na RPC talvez responda algumas destas questões. E as pesquisas eleitorais, que serão coletadas a partir de sexta-feira e divulgadas no sábado (5), véspera da eleição, vão responder se a estratégia de Cristina Graeml de “importar” o fenômeno eleitoral Pablo Marçal para a eleição de Curitiba foi uma verdadeira mitada ou um tiro no pé.