Cristina cutuca Huçulak e reafirma nome de “Dra Cloroquina” para secretaria da Saúde

Por Carol Nery

A candidata a prefeita de Curitiba Cristina Graeml (PMB) reafirmou esta semana em entrevista a Ogier Buchi, no programa da Rádio Mercosul, que se for eleita vai nomear a médica mineira Raíssa Soares — que ficou nacionalmente conhecida como “Doutora Cloroquina”, como secretária municipal da Saúde. A declaração veio acompanhada de uma provocação ao adversário Eduardo Pimentel (PSD), que respingou sobre a deputada estadual Márcia Huçulak, secretária municipal da Saúde na gestão Greca/Pimentel durante a pandemia de Covid-19.

Cristina Graeml no programa de Ogier Buchi (Foto: Reprodução/Rádio Mercosul)

 

Cristina participava do programa Direto ao Ponto, quando o apresentador confirmava aos expectadores a participação do candidato Eduardo Pimentel (PSD) na noite seguinte. Foi então que ela aproveitou a deixa:

“Convide a secretária de saúde dele. Será que vai ser a Márcia Huçulak? Durante a gestão Gestão/Pimentel, um dos piores anos das nossas vidas, foi Márcia Huçulak quem gerenciou a saúde pública de Curitiba. É isso que vocês querem, médicos esquerdistas? Porque são os médicos esquerdistas que estão fazendo barulho e, com todo respeito a vocês e à ideologia de vocês, eu realmente vou governar pra todos”

“Provocação primária”, responde Huçulak sobre declarações de Cristina

Márcia Huçulak, que é uma das principais apoiadoras de Eduardo, reagiu nesta sexta-feira (11). Ao Blog Politicamente, a parlamentar manifestou “indignação” sobre as palavras da candidata do PMB e classificou a declaração dela como “provocação primária” e de “forma mentirosa, negacionista e irresponsável”.

“Não foi só Curitiba que teve um período difícil, foi o mundo inteiro, como todos hão de lembrar: hospitais abarrotados em cidades grandes e ricas, mortes em profusão, insegurança geral”, afirmou Huçulak.

Para a deputada, Cristina Graeml vem dando sucessivas declarações que demonstram desconhecimento sobre questões básicas de saúde pública.

Deputada estadual Márcia Huçulak (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

 

“Promove o desconhecimento de forma deliberada, aliás o que sabe fazer de melhor: destilar mentiras e incentivar o ódio. Nenhum candidato ou candidata à prefeitura de uma cidade da importância de Curitiba tem o direito de tratar um tema tão importante de forma tão leviana”.

Afirmou ainda que Cristina “esconde sua ignorância na área tentando transformar gestão de saúde em questão ideológica, de um primarismo assustador: ‘médicos de direita’ x ‘médicos de esquerda’. “Epidemiologia não tem bandeira. O comportamento do vírus não respeita ideologia x ou y”, declarou Huçulak.

Por fim, Huçulak afirmou que, como secretária “teve resultados reconhecidos e admirados” e que “salvamos muitas vidas”, além de devolver a provocação; “Fico imaginando se Cristina Graeml, uma candidata que se baseia apenas em ideologia, fosse a prefeita no tempo da pandemia de Covid-19. Curitiba teria pelo menos 30 mil curitibanos e curitibanas com as vidas ceifadas pela ideologia”.

Cristina anuncia Dra. Cloroquina para Secretaria de Saúde de Curitiba

Após a cutucada em Eduardo e Huçulak, Cristina Graeml afirmou que, se for eleita, irá nomear a médica Raíssa Soares para comandar a Secretaria de Saúde de Curitiba. Inclusive, a médica deve desembarcar em Curitiba neste domingo (13), para participar da campanha de Cristina, segundo informações repassadas pela assessoria de imprensa da candidata.

No programa de rádio, Cristina disse que o nome de Raíssa Soares foi aprovado por “médicos de direita, conservadores” e que “ela será nossa secretaria de Saúde, com muito orgulho, pra Curitiba”.

E justificou a escolha: “Porque ela conseguiu, em dez meses na secretaria da Saúde de Porto Seguro, levantar um hospital municipal que estava abandonado pelos governos petistas havia anos. […] Ela vai vir aqui e vai apresentar os outros resultados que ela conseguiu na Saúde de Porto Seguro. Imagine o que ela fará na Saúde de Curitiba”, declarou.

Médica defendia hidroxicloroquina na pandemia

A médica Raíssa Soares é ex-secretária da Saúde de Ponto Seguro, na Bahia. Desde o início da pandemia, ela defendia o uso de hidroxicloroquina. Ela ficou mais conhecida, no entanto, quando começou a publicar vídeos nas redes sociais, em defesa de um “coquetel” para tratamento precoce da Covid-19 e que era usado em Porto Seguro, segundo ela.

Raíssa também recomendava ao então presidente Jair Bolsonaro que enviasse ao município baiano mais caixas do medicamento e desestimulava a população a tomar a segunda dose da vacina anticovid. Nasceu então a “Doutora Cloroquina”.

Cristina provoca Eduardo e Huçulak e reafirma nome de "Dra Cloroquina" para Saúde
A médica Raíssa Soares ficou conhecida como Dra Cloroquina (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

 

Tanta repercussão, no entanto, não rendeu somente o apelido, mas a exoneração de Raíssa do cargo, em decreto assinado pelo prefeito Jânio Borges, no dia 1º de novembro de 2021. O Ministério Público da Bahia (MPBA) entrou com ação de improbidade administrativa contra a médica e já pedia que ela fosse retirada da função.

Para a promotora de Justiça Lair Faria Azevedo, a médica Raíssa Soares “incentivava o uso de uma medicação que não ajuda a enfrentar a Covid-19”. Além disso, o MP da Bahia também solicitou, na época, que a prefeitura de Porto Seguro parasse de usar e de distribuir a hidroxicloroquina.

Em agosto de 2023, a juíza Nemora de Lima Janssen, da 1ª Vara de Fazenda Pública de Porto Seguro, rejeitou a ação movida pelo MP baiano contra a médica Raíssa, por falta de provas que pudessem comprovar prejuízo ao erário público.

Além disso, a magistrada entendeu que “não há nos autos qualquer indício de que adquiriu medicamentos que não são de dispensação obrigatória pelo SUS”.

Dra Cloroquina tentou ser senadora em 2022

Raíssa então decidiu entrar para a política e concorreu ao Senado, pelo PL da Bahia, nas eleições gerais de 2022, mas não foi eleita. A médica ficou em terceiro lugar, com 15,29% dos votos (945.470), atrás do senador Otto Alencar (PSD), reeleito com 57,49% (3.556.011), e Cacá Leão (PP), em segundo lugar e não eleito, com 25,26% dos votos (1.562.344).

 

 

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