Contrato de R$ 38 milhões pode provocar mudança forçada no secretariado de Ratinho

Ratinho determinou uma apuração interna envolvendo suposta irregularidade graúda num contrato milionário com uma fundação que tem sede longe do Paraná

Atualizado às 17h40

Ratinho Junior pode ter que promover uma mudança no secretariado que não estava planejada. Isso porque começou a pipocar um burburinho envolvendo irregularidade graúda num contrato de nada menos de R$ 38 milhões com uma fundação que tem sede fora do estado do Paraná.

O enxuto time da extrema confiança do governador já recebeu a missão de caçar informações sobre o caso e identificar, o mais rápido possível, o autor intelectual do negócio e seus operadores. Sabe-se ainda muito pouco sobre o caso.

Uma boa fonte do Blog Politicamente conta que a contratação teria sido feita na modalidade de inexigibilidade após um apontamento feito pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná. E que envolveria gente graúda de mais de uma secretaria de Estado que até então passaria desapercebida pela reforma do secretariado.

O caso já chegou na Controladoria Geral do Estado (CGE) na semana passada e o órgão terá de apurar a denúncia, que teria sido feita por um empresário, relatando suposto esquema criminoso que compromete a transparência e a lisura das licitações públicas ao direcionar os vencedores do certame.

Ainda segundo a bem informada fonte do Blog Politicamente, o denunciante narra acordos ilícitos de pagamento de propina na ordem de 20% do valor do contrato — garantindo, em tese, somente nesta negociata, um fee de mais de R$ 7 milhões.

Uma fonte palaciana garante que, assim que forem identificados os “pais” deste contrato suspeito, os responsáveis terão de dar explicações bastante convincentes para o governador — que estaria dando pulos de raiva. O que se comenta é que, se os esclarecimentos não forem convincentes, os autores intelectuais e executores vão para a marca do pênalti e poderão ser incluídos na reforma do secretariado.

Ratinho deu a ordem ao time de confiança para apurar o caso, colocar uma enorme lupa no contrato, independentemente do que será descoberto — doa a quem doer. Até porque, o governador não quer que nada atrapalhe os planos desenhados para 2026.

Outro lado

Após a publicação da reportagem, o governo do Estado encaminhou uma nota ao Blog Politicamente em que diz que “a Casa Civil lamenta não ter sido procurada pelo blog, que sugere ilegalidade onde não há. O contrato foi feito com base na lei de inexigibilidade, dentro das regras, e foi apresentado ao Tribunal de Contas do Estado. A Controladoria-Geral do Estado também acompanha o desenvolvimento dos projetos”.

Na nota, o governo identifica o referido contrato. “O Centro Integrado de Gestão e Governança, parceria entre a Casa Civil e a Fundação de Apoio à Pesquisa ao Ensino e à Cultura (Fapec), trabalha no desenvolvimento de projetos que visam otimizar o funcionamento da máquina pública”. A Fapec tem sede no bairro Vila Ipiranga, na cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Foto: Google Street View

O contrato número 2146/2024 está vigente desde abril de 2024 com previsão de término em março de 2027. A Fapec foi contratada para “serviços técnicos especializados, de instituição sem fins lucrativos, para o desenvolvimento e execução de projeto de Ensino, Pesquisa, Gestão e Governança como prática integrativa, com a criação do Centro Integrado de Gestão e Governança do Estado do Paraná, cumulado com a implantação do Escritório de Processos da Casa Civil do Estado do Paraná”.

A nota encaminhada pelo Governo do Estado pontua ainda que o contrato “atua em cinco eixos, que envolvem, por exemplo, um diagnóstico detalhado de pontos que dificultam a implementação das políticas, a recuperação de débitos fiscais e um Laboratório de Ciência de Dados para organização digital das ações das secretarias”.

O Blog Politicamente entrou em contato com a Fapec que informou que a assessoria de imprensa da entidade só atende por email. O espaço segue aberto para manifestação da empresa.