A Câmara Municipal de Curitiba aprovou por unanimidade há pouco, na sessão desta segunda-feira (4), em primeira discussão e em regime de urgência, o projeto de lei encaminhado pela Prefeitura de Curitiba que cria o Fundo Municipal de Esporte e Lazer. A ideia deste fundo é subsidiar financeiramente os programas, projetos e ações do poder público nas áreas do esporte e lazer. A proposta foi protocolada no finalzinho de agosto, mas entrou em regime de urgência para viabilizar repasses financeiros automáticos do Governo do Paraná.
O orçamento inicial do Fundo deve ser de R$ 20 mil, mas a proposta indica 22 fontes de recursos para o fundo, como o dinheiro da cobrança de inscrições em eventos esportivos, créditos orçamentários, transferências estaduais e da União, emendas parlamentares e o pagamento de multas por danos causados aos equipamentos da Smelj.
Este projeto deve ser a marca da curta gestão de Marcelo Fachinello (Podemos) como prefeito de Curitiba. A previsão é que a criação deste fundo seja sancionado por Fachinello na quarta-feira (6). A proposta tem tudo a ver com as bandeiras do mandato de Fachinello como vereador.
A sanção é “um agrado” ao vereador que, como presidente da Câmara, conduziu a votação e aprovação do descongelamento de algumas carreiras do funcionalismo público municipal — tema sensível para o Palácio 29 de Março. É um recado bastante claro que o atual presidente da Câmara, Marcelo Fachinello, está inserido nos planos políticos de Eduardo Pimentel, que vai disputar a prefeitura de Curitiba em 2024.
Aliás, Fachinello ganhou a eleição para a presidência da Câmara de Curitiba numa grande articulação política que teve como personagens principais, o próprio Fachinello, Eduardo Pimentel e o deputado estadual Alexandre Curi.
Drible do vice em 2004 — Portanto, a votação e a sanção da criação do Fundo Municipal de Esporte e Lazer foi tudo bem pensado e planejado pela prefeitura para acontecer durante a interinidade de Fachinello como prefeito da capital. Esta questão de sucessão costuma ser tranquila e bem ensaiada — para evitar sustos como aconteceu em 2004, quando o então vice-prefeito Beto Richa assumiu a prefeitura e suspendeu uma decisão do prefeito Cássio Taniguchi.
Antes de se ausentar, o então prefeito Taniguchi assinou um decreto que previa aumento de 15% do valor da passagem de ônibus em Curitiba — de R$ 1,65 para R$ 1,90. Mas assim que assumiu, Richa suspendeu o aumento, para desespero da presidente da URBS, Yara Eisenbach. Taniguchi voltou de viagem e, em ano eleitoral, preferiu não mexer no valor da passagem.
A atitude de Beto Richa, desautorizando o prefeito, foi vista na época por alguns como uma trairagem com o prefeito Taniguchi, outros consideraram uma boa jogada política do tucano que a partir daí ganhou a simpatia dos curitibanos e começou sua estalada política. Há quem diga que foi tudo planejado para alçar Beto Richa politicamente.
A partir daí, Beto Richa usou a bandeira da tarifa baixa e se elegeu prefeito de Curitiba em 2004, derrotando o petista Angelo Vanhoni.