Elizabeth Schmidt (União), mais uma vez, entra para a história de Ponta Grossa. Ela foi a primeira mulher eleita para o cargo em 2020 e passa a ser também a primeira a ser reeleita na cidade de 201 anos. Outra curiosidade é o fato do 2º turno ter reprisado o cenário de 2020, quando Elizabeth disputou com a sua atual oponente, a deputada estadual Mabel Canto (PSDB).
A prefeita conquistou 96.407 (53,72%) votos válidos, 8.475 a mais que em 2020. Mabel Canto conquistou 83.064 (46,28%), uma margem bem maior que em 2020, quando obteve 61.702 votos (37,27%).
Das três cidades que realizaram 2º turno neste domingo (27), Ponta Grossa foi a cidade que registrou a menor abstenção – 26,69 % – que representa que 69.241 eleitores deixaram de ir às urnas. 2,46% votaram em branco e 3,20% optaram por anular o voto.
Comemoração
Em entrevista coletiva, a prefeita reeleita desabafou. Disse que está feliz principalmente por estar “livre de amarras políticas de grande coronéis, de radialistas, de hipócritas e de pessoas que me subestimaram” — num recado muito claro ao ex-prefeito Marcelo Rangel (PSD) de quem era aliada.
Por vídeo, publicado nas redes sociais, Mabel agradeceu os votos recebidos e parabenizou Elizabeth. “Desejo que faça um bom segundo mandato em prol da população”, declarou.
Mabel também agradeceu à sua vice, a empresária Sandra Queiróz, que passou por maus bocados na reta final do 1º turno. Sandra sofreu uma parada cardiorrespiratória após se engasgar com um pedaço de carne na antevéspera da eleição de 6 de outubro. Precisou ser entubada e ficou na UTI de um hospital de Curitiba por vários dias. Ela recebeu alta na última semana.
Elizabeth Schmidt tem várias vitórias a comemorar neste pleito. A prefeita é professora, tem 73 anos e ficou conhecida como “Vovó”. O título é usado com carinho por apoiadores, mas ela não escapou das manifestações etaristas ao longo da campanha.
Disse que está feliz principalmente por estar “livre de amarras políticas de grandes coronéis, de radialistas, de hipócritas e de pessoas que me subestimaram”.
A Vovó despontou na política local em 2000, quando foi candidata a vice-prefeita na chapa encabeçada pelo empresário e advogado Carlos Tavarnaro. Na época, a dupla ficou em terceiro lugar na disputa. Ela voltou à cena com mais força em 2016, quando, novamente, disputou ao cargo de vice-prefeita, sendo eleita na chapa de Marcelo Rangel.
Na eleição de 2020, ela recebeu o apoio de Rangel e do governador Ratinho Junior. Ao longo do mandato, a parceria se manteve, especialmente com o governador, porém a relação com Marcelo e o seu irmão, o deputado federal e secretário estadual Sandro Alex, se desgastou.
No começo deste ano, veio o rompimento com Rangel anunciando que seria candidato a prefeito com o apoio do governador. Elizabeth, que havia se filiado ao PL com a promessa de ser a candidata do Palácio Iguaçu em Ponta Grossa, de uma hora para outra se viu sem espaço para a disputa e chegou a ser “desconvidada” para ingressar no partido de Jair Bolsonaro.
Um acerto com o ex-presidente Jair Bolsonaro tirou o PL de suas mãos, que passou a compor com Rangel. Imediatamente, Elizabeth migrou para o União Brasil, sob a chancela do senador Sergio Moro (União).
Na primeira pesquisa de intenções de votos, divulgada no mês de agosto, a prefeita figurava na terceira posição e os muitos analistas não viam a possibilidade de ela chegar ao segundo turno. Não só chegou, como levou o mandato para administrar a cidade por mais quatro anos.
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Desafios de Elizabeth para a segunda gestão em Ponta Grossa
A prefeita reeleita terá que promover algumas mudanças na sua nova gestão. Uma delas é com o serviço de saúde, o grande “calcanhar de Aquiles” do seu atual governo. O fechamento do Hospital Municipal, onde também funcionava o Pronto Socorro, e as falhas no atendimento das UPAs, trouxeram um desgaste muito grande para a sua imagem — o que foi explorado durante toda a campanha eleitoral . “Saúde será a nossa prioridade”, destacou a prefeita, logo após receber a notícia de que foi reeleita.
Outro desafio será o de promover uma reaproximação com Ratinho Junior e enfrentar uma oposição forte do seu ex-aliado Marcelo Rangel, que atualmente representa a cidade na Assembleia Legislativa do Paraná como deputado. O fato de estar ao lado de Sergio Moro deve trazer alguns obstáculos para reatar os laços com Ratinho.