Bolsonaro diz que Arruda é bom nome para disputar a Prefs de Curitiba

O desentendimento já público travado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com o PSD de Gilberto Kassab traz reflexos imediatos no xadrez político em Curitiba e na estratégia de campanha em alguns bunkers nas grandes cidades do Paraná.

O PL, que já vinha costurando uma aliança com Eduardo Pimentel (PSD), teve de fazer um cavalo de pau no rumo depois que o Capitão declarou ser contra uma composição entre o PL e PSD nas eleições de 2024. O partido, que na prática é comandado por Bolsonaro e na teoria por Valdemar da Costa Neto, já começou a redesenhar suas estratégias nos quatro cantos do Paraná.

Aproveitando a crise entre PL e PSD, o deputado estadual Ricardo Arruda ocupou o vácuo e pediu a benção do Capitão para tentar se viabilizar na disputa pelo Palácio 29 de Março — tendo recebida resposta positiva, basta ver a mudança nas redes sociais do missionário que agora colocou uma lupa sobre a administração e Rafael Greca. O ponto de interrogação é sobre o andamento das investigações em curso contra o deputado bolsonarista.

O que estava na caserna foi vocalizado por Bolsonaro numa entrevista ao jornalista Esmael Morais. “Ricardo Arruda é um bom nome para a Prefeitura de Curitiba”, respondeu quando questionado sobre o cenário na capital dos paranaenses.

A reação no bunker — No bunker do vice-prefeito, a informação chegou na semana passada. Não houve desespero e nem temor. Muitos acreditam ser um rompante do Capitão, embora reconheça-se que Kassab tem levado o PSD mais para o colo de Lula do que para a trincheira de Bolsonaro. A gota d`água foi a adesão dos congressistas liderados por Kassab ao indiciamento do Capitão na CPI do 8 de janeiro. Tem gente graúda no PSD paranaense inclusive pensando em descer da canoa de Kassab e embarcar no barco mais, digamos assim, “republicano”.

De certo, a incerto — Em Londrina, estava tudo acertado entre Filipe Barros e Tiago Amaral (PSD) — aliado de Ratinho e filho de Durval Amaral, que da cadeira de conselheiro do Tribunal de Contas observa atentamente as movimentações políticas. Não haveria disputa entre eles e o combinado era de um apoio mútuo, independentemente do nome que fosse para a urna eletrônica. Mudança de rota. O cenário que era certo, ficou nebuloso. Por via das dúvidas, o PL fisgou Bruno Ubiratan, que comanda a Cohab do prefeito Marcelo Belinati, e ensaia lança-lo para bater chapa com o sucessor do belinatismo.

Ou seja, nos dois maiores colégios eleitorais do Paraná há reflexo direto do veto imposto por Bolsonaro à coligação com o PSD.

Missão — Por causa desta reconfiguração da rota no GPS do PL, o governador Ratinho Junior e alguns dos “chegados” do Capitão Bolsonaro devem entrar em campo para amolecer o coração do ex-presidente da República. Até porque, mais um candidato da Direita poderia atrapalhar o projeto político desenhado pelo Palácio Iguaçu para Eduardo Pimentel — que terá reflexos também em 2026.

Em algumas rodas no Palácio Iguaçu tem gente sugerindo “pedir 6” e ameaçar lançar candidato do grupo político do PSD para enfrentar Paulo Martins ou a própria Michele Bolsonaro numa eventual eleição suplementar ao Senado Federal, isso, claro, se a Justiça Eleitoral tomar o mandato de Sergio Moro. Pois é, voltou à tona a possibilidade da ex-primeira-dama disputar uma cadeira na Câmara Alta pelo estado do Paraná.

Resistência paulista — Tem gente que ainda acredita que Bolsonaro pode abrir exceções e liberar a aliança com o PSD em alguns municípios do país — nas capitais e em grandes cidades a reversão é menos provável. Mas, não há duvida, que haverá uma pressão do Estado de São Paulo. No governo paulista, de Tarcísio de Freitas (Republicanos) quem comanda toda a articulação política é Gilberto Kassab — justamente o mais novo desafeto do Capitão. Pelo interiorzão de São Paulo as chapas PL e PSD estão montadas e espera-se uma resistência à teimosia do ex-presidente.

 

 

Foto: Reprodução Redes Sociais

 

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