Nem Beto Richa, tampouco Deltan Dallagnol fazem a menor questão de esconder suas diferenças. Pelo contrário. O que eram apenas insinuações, indiretas, virou briga franca e pública, através das redes sociais. Com troca de jabs e diretos, alguns até abaixo da cintura.
O “primeiro round” público aconteceu na reunião da bancada de deputados federais em Brasília. O primeiro encontro entre eles como deputados eleitos. Beto deu uma “estocada” no ex-chefe da Lava Jato.
O Blog Politicamente mostrou este momento de tensão entre eles, e, apesar da saia justa, colegas da bancada acreditavam num armistício. “O clima é de constrangimento, mas os dois terão de conviver juntos”, disse, na época, um dos parlamentares.
Este entendimento está cada vez mais distante. E pessoas próximas aos dois, hoje, não acreditam numa trégua. E pior, o tom deve subir e a a troca de acusações deve se intensificar.
O motivo da briga é sabido por todos. Beto Richa e a família foram alvos, assim como tantos outros, das muitas fases da Operação Lava Jato — chefiadas no Ministério Público Federal (MPF) pelo então procurador da República Deltan Dallagnol. Beto foi preso e respondem aos processos na Justiça.
O primeiro jab na imprensa partiu do ex-governador. Em entrevista nesta semana a um veículo de imprensa, Beto partiu para cima de Deltan.
“Ele usou a sua condição de procurador, a sua condição de agente público para tentar me destruir, não conseguiu e não vai conseguir. Porque eu estou provando a cada dia, a falsidade das acusações dele. Quem tem telhado é quem compra lojas em shoppings centers em nome de outras pessoas. Quem tem telhado de vidro é quem lucra com a desapropriação milionária do Incra,agora em processo de suspensão. Quem tem telhado de vidro é quem ainda como procurador comprou apartamento em leilão público em nome da mulher quando a lei vetava a sua participação no processo. Mas o casamento não é em comunhão parcial de bens? Então a irregularidade está documentada”, apontou Beto.
A resposta de Deltan veio rápida e fulminante: um extenso conteúdo nas redes socais expondo as acusações que Beto Richa enfrenta na Justiça. Deltan cita as operações Piloto e Interação derivadas da Lava Jato, e a Quadro Negro e Rádio Patrulha do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Paraná — explicando cada uma delas. E ao fim, diz que Beto Richa só é deputado federal hoje porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indeferiu a candidatura de Jocelito Canto.
Conta uma boa fonte lavajatista que Deltan ainda teria muita munição para usar contra o ex-governador e que pretende abrir a caixa de ferramenta — “se for necessário”. A ordem agora dentro do time Lava Jato é que nenhum ataque ficará sem resposta.
Por ora, o senador Sergio Moro só observa a briga pública. Mas sabe que pode vir a se tornar também um alvo de Beto Richa. E assim como Deltan, deve reagir se for cutucado.