Como um vereador de primeiro mandato conseguiu chegar à presidência da Câmara Municipal de Curitiba? Que força ele tem para assumir o legislativo municipal? A prefeitura de Curitiba intercedeu à favor dele?
Estas questões rondaram as conversas de analistas políticos logo após a eleição, por unanimidade, de Marcelo Fachinello (PSC) à presidência da Câmara de Curitiba.
O Blog Politicamente conversou com vereadores, fontes da própria Câmara e da Prefeitura de Curitiba para entender um pouco mais os bastidores e os reflexos da chegada de Marcelo Fachinello à presidência do legislativo municipal.
Grupo político — Fachinello não chegou sozinho à presidência. Ele conseguiu montar um time de apoiadores com tentáculos em outros poderes. Dois nomes sobressaem nesta grande articulação política: Eduardo Pimentel, vice-prefeito de Curitiba, e o deputado estadual Alexandre Curi — deputado estadual mais votado na eleição de 2022. Obviamente tudo sendo acompanhado a par e passo pelo prefeito Rafael Greca.
A chegada de Fachinello à presidência tem relação direta com a disputa pela prefeitura de Curitiba em 2024 — quando Eduardo Pimentel deve ser testado nas urnas com as bençãos do alcaide Rafael Greca e do governador Ratinho Junior.
Diante deste cenário, cada legenda foi cuidadosamente estudada para compor uma grande aliança em torno do nome de Fachinello. O resultado foi acachapante: dos 38 vereadores, 37 votaram nele para presidente. Apenas Flávia Francischini não votou porque estava ausente da sessão. A unanimidade revela que foi cirúrgica e muito bem montada a estratégia política. Nenhuma ponta ficou solta.
Possível concorrente — Mas chegar a 37 votos não foi do dia para noite. Outros vereadores ensaiaram lançar candidatura. Alguns até “maiores” que Fachinello. Pier Petruzziello é um deles. Líder do prefeito Greca na Câmara, Pier está no 3° mandato como vereador e achava que tinha tudo para comandar a Câmara.
Eduardo Pimentel enxergou em Pier um possível obstáculo para 2024 — já que a Câmara estaria sob o comando do PP. Se posicionou e trabalhou por Fachinello abertamente. Na eleição municipal terá um presidente extremamente aliado e de palavra.
Quando tentou buscar apoio encontrou as portas fechadas. Correu ao Palácio 29 de março, se reuniu com o supersecretário Luiz Fernando Jamur, mas não teve jeito. Na Câmara, seus pares já estavam compromissados com Fachinello. Não havia mais para onde correr.
Se não pode contra eles, junte-se a eles — E na política, diante de uma iminente derrota é melhor se aliar do que disputar e perder. Foi o caminho de Pier. Votou em Marcelo Fachinello para presidente. Conseguiu disfarçar bem… até o momento da votação do cargo de 2° secretário. Quem disputava era a vereadora Dra. Maria Letícia. Ao votar nela, o líder do prefeito lamentou a redução da presença de mulheres na Mesa Diretiva.
Imediatamente, um vereador próximo falou e o som vazou no microfone: “Perdeu líder”. Pier se revoltou e respondeu: “Menos, bem menos”. O líder teve que aceitar a eleição de Fachinello. E pior, ter de assistir o ex-aliado e agora desafeto, deputado Alexandre Curi, ajudar a conduzir politicamente a eleição na Câmara de Curitiba.