Ratinho Junior embarcou neste domingo (6) para os Estados Unidos onde cumpre agenda em quatro estados. A viagem estava programada, o que não estava nos planos era a ida à manifestação do ex-presidente Jair Bolsonaro em São Paulo em favor da anistia aos condenados pelo ato de 8 de janeiro — que resultou numa quebradeira da sede dos três poderes, em Brasília.
Antes de pegar o voo no aeroporto de Guarulhos, o governador paranaense esteve na Avenida Paulista. Fez fotos para as redes sociais com os demais chefes de Estado que compareceram ao evento, subiu no carro de som, mas não discursou. Apenas o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, teve a palavra. Ratinho sempre optou por evitar de frequentar as manifestações encabeçadas pelo ex-presidente.
Mas a presença do governador do Paraná nesta manifestação na Avenida Paulista pode ter relação direta com a recente visita do ex-presidente ao Paraná. Mais precisamente com a conversa que os dois tiveram à sós no avião que os levou até a ExpoLondrina.
A visita à exposição em Londrina encerrou a agenda de Bolsonaro no Paraná — marcada pelo anúncio do apoio à pré-candidatura de Filipe Barros ao Senado Federal na eleição de 2026, cumprindo o acordo firmado durante a eleição de 2024.
Ficou combinado que Bolsonaro apoiaria Eduardo Pimentel para a prefeitura de Curitiba e que a parceria Ratinho/Bolsonaro seria estendida para a eleição para o Senado Federal em 26. Uma vaga seria indicada pelo PL e a outra pelo PSD.
A vinda de Bolsonaro para a capital paranaense foi justamente para reafirmar o compromisso político — ao declarar publicamente apoio a Filipe Barros.
Na última sexta-feira, o ex-presidente desembarcou em Curitiba e teve um almoço no Palácio Iguaçu com a bancada estadual e federal do PL, com alguns poucos convidados.
Uma boa fonte do Blog Politicamente, que esteve no almoço, conta que o assunto predominante foi o cenário político eleitoral para 2026, mas nenhuma conversa definitiva. “Foi mais um bate papo sobre o cenário nacional, nada além disso”, diz a fonte.
Um dos focos da conversa foi a presença do senador Sergio Moro (União Brasil) no lançamento da pré-candidatura presidencial de Ronaldo Caiado, governador de Goiás, na Bahia — o que teria sido motivo de críticas por parte de Jair Bolsonaro.
Bolsonaro dormiu no Palácio Iguaçu

A conversa durante o almoço e a reunião no gabinete de Ratinho Junior, que sucedeu a refeição, foi tão superficial que Bolsonaro resolveu dormir — enquanto os políticos do PL e convidados ficaram na sala do governador no 3º andar.
Bolsonaro foi dormir numa suíte contígua ao gabinete de Ratinho no Palácio Iguaçu.
A siesta feita por Bolsonaro, enquanto os políticos paranaenses se acomodavam no gabinete de Ratinho, revela que o ex-capitão tinha apenas dois objetivos quando resolveu vir a Curitiba: declarar apoio a Filipe Barros na disputa ao Senado no ano que vem e conversar à sós com o governador do Paraná.
Não teve nenhum aceno de apoio à pré-candidatura presencial de Ratinho Junior. Pelo contrário, Bolsonaro só reafirmou que o candidato ao Palácio do Planalto em 26 será ele — embora precise reverter a inelegibilidade declarada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Chegou a dizer que está “namorando um vice do Nordeste”.
Os dois principais caminhos para buscar a elegibilidade são: a nova formatação do TSE, com Nunes Marques e André Mendonça no comando da Corte Eleitoral — os dois ministros nomeados por Bolsonaro — e o projeto da anistia defendido publicamente pelo ex-presidente e aliados bolsonaristas e difundido nas manifestações deste domingo em São Paulo e a realizada há três semanas no Rio de Janeiro.
Recado para Hugo Motta
A manifestação deste domingo em São Paulo, que reuniu cerca de 50 mil pessoas, foi um recado direto ao presidente da Câmara Federal, Hugo Motta (Republicanos) como uma forma de pressioná-lo para pautar o projeto da anistia.
A presença de sete governadores reforçou a intenção. Estiveram no ato Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ratinho Junior. (PSD), do Paraná, Ronaldo Caiado (União), de Goiás, Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, Mauro Mendes (União Brasil ), de Mato Grosso, e Wilson Lima (União), do Amazonas.
O PL busca apoio dos líderes de partidos aliados para imprimir a urgência na tramitação do projeto de lei que prevê a anistia. Hugo Motta, por enquanto, tem resistido, mas nesta semana deve sofrer uma nova pressão dos bolsonaristas — principalmente nas redes sociais.