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Cristina Graeml (PMB) e Eduardo Pimentel (PSD) chegaram para o debate da RPC, o último do 2º turno, sabendo da importância e do reflexo que ele poderia causar na eleição de domingo. O foco dos dois era os eleitores indecisos. E os telespectadores estavam ligados: a audiência do debate desta sexta-feira (25) subiu 10 pontos acima do que fora registrado no 1º turno. Em média, de cada dez televisores ligados na capital, quatro estavam sintonizados na RPC, com share de 41% — segundo dados de uma fonte do Blog Politicamente.
Eles aproveitaram o momento. Já de largada ambos repetiram o mantra: que neste 2º turno foram alvos de ataques do adversário. E com razão. Falaram de propostas sobre os temas mais latentes que assolam o curitibano, mas não evitaram os confrontos diretos. E aí é preciso parafrasear o médico e físico suíço-alemão Paracelso: “a diferença entre o remédio e o veneno é a dose”. Ou seja, ataque desferido abaixo da linha da cintura pode ter o resultado adverso no eleitor provocando um aumento da rejeição.
E aí, Cristina Graeml cruzou esta linha tênue ao questionar como a mãe de Eduardo Pimentel, já falecida, reagiria aos ataques que ela vem sofrendo na campanha. Neste momento, parte da equipe da candidata que acompanhava o debate na redação da RPC dava sinais de contrariedade à estratégia adotada pela candidata. A declaração também provocou indignação nos familiares de Pimentel que assistiam juntos ao debate. A pergunta foi feita mais de uma vez.
Eduardo reagiu e pediu respeito em memória da mãe. Cristina, percebendo o incômodo, manteve a estratégia, mas mudou de personagem citando a esposa do candidato — Paula Mocellin Slaviero. Atenuou, mas também não caiu bem. Depois de algumas tentativas em vão, a candidata do PMB não mais insistiu na pergunta. A estratégia era suscitar a questão de gênero, mas o tiro parece ter saído pela culatra.
Cristina Graeml repetiu algumas premissas já vistas nos debates anteriores: falou que Eduardo era candidato do sistema político que busca se perpetuar no poder em Curitiba e repetiu por algumas vezes que ele era preparado e bem treinado — muitas vezes em tom de ironia, beirando o deboche, ao flexibilizar os adjetivos no diminutivo. Mas uma coisa ela buscou mudar, ou pelo menos tentou: não entrar nas polêmicas que a cercam desde o início do 2º turno — em especial as acusações pesadas em torno do núcleo duro da sua campanha.
Leia-se: Jairo Aparecido Ferreira Filho, que é o vice de Cristina, Fabiano dos Santos, ex-presidente estadual do PMB, e Eduardo Pedrozo, que coordena a campanha de Cristina. A conclusão é que ela perdeu tempo nos debates anteriores para defender os companheiros ficando sempre na defensiva. Mesmo assim, ela chegou a pedir quase uma dezena de direito de resposta, sendo apenas um concedido.
Eduardo, por sua vez, também repetiu a estratégia já vista em outros debates. Tentou mostrar ao eleitor que a adversária não tinha propostas para Curitiba e não estava preparada para administrar a cidade. Por algumas vezes instigou Cristina Graeml a detalhar as propostas dizendo, por exemplo, como iria fazer? Quanto iria custar? A adversária se esquivou, mas acabou derrapando em uma das questões.
O candidato do PSD perguntou se Cristina Graeml sabia como era a feito o serviço de coleta do lixo, de resíduos, da cidade junto aos municípios da região metropolitana. E ela respondeu: “através de caminhões de lixo com cooperativas de catadores também ajudando no reciclável”. A resposta virou meme e ganhou as redes sociais. Eduardo explicou que é através do Conresol (Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos), presidido pela prefeitura de Curitiba com a participação dos municípios da RMC.
Os mais saudosos e de boa memória já relacionaram este caso à eleição de 2000 quando Cássio Taniguchi, então no PFL, perguntou a Ângelo Vanhoni (PT), na época deputado federal, qual era a avaliação dele sobre o Procel (Programa Nacional de Conservação da Energia Elétrica) em Curitiba. Sem saber sobre o que se tratava, o petista ficou por alguns longos segundos em silêncio olhando para câmera. A “pegadinha” acabou sendo considerada como um dos fatores da derrota eleitoral de Vanhoni em 2000.
O que também chamou a atenção no debate foi a mudança de discurso de Cristina Graeml. Se nos encontros anteriores e em entrevistas concedidas à imprensa, a candidata do PMB declarou que tomou as quatro doses da vacina da Covid-19, no debate desta sexta-feira (25), este número caiu para duas. Não se sabe se foi um lapso da candidata ou de fato uma mudança de discurso — mas ficou a dúvida: afinal Cristina Graeml foi imunizada com quantas doses da vacina?
O assunto da pandemia, como já era esperado, veio à tona no debate — tema indigesto para a candidata do PMB. Quanto atuava como comentarista política, Cristina se manifestou contra a vacinação citando possíveis efeitos colaterais desconhecidos. Mesmo assim, declarou que não só ela, como o marido e os filhos haviam tomado a vacina. O discurso foi endossado no momento em que a candidata anunciou que, se eleita, vai nomear a médica mineira Raíssa Soares como secretária de Saúde de Curitiba.
Raíssa, que foi secretaria da cidade de Porto Seguro na Bahia, ficou nacionalmente conhecida como Dra. Cloroquina por recomendar à população o uso de medicamentos contra a covid-19 que não tinham qualquer atestado de eficiência comprovado. O Ministério Público da Bahia entrou com uma ação cível contra Raíssa Soares requerendo, dentre outras coisas, a exoneração dela da secretaria da Saúde — o que de fato acacbou acontecendo.