A “reunião da paz” entre Rafael Greca e Paulo Martins no Palácio Iguaçu

O prefeito Rafael Greca (PSD) e o futuro pré-candidato a vice-prefeito de Curitiba, Paulo Martins (PL), participaram há pouco de um encontro no Palácio Iguaçu. Aliados estão chamando de “reunião da paz”.

Não é segredo para ninguém que os dois não se bicam. A bronca remete ao pleito de 2022, quando Paulo Martins, então candidato do Iguaçu e de Bolsonaro ao Senado, acusou o prefeito de traição após declaração de apoio a Alvaro Dias — candidato do Podemos à reeleição. A relação azedou de vez. Soma-se a isso a indisposição política, para se dizer o mínimo, do prefeito com o ex-presidente da República — alvo de críticas pesadas do alcaide do Palácio 29 de Março.

Uma boa fonte palaciana conta que os dois já tinham se reaproximado há uns três meses, mas no início de julho, uma nova cisão depois que Greca falou que combateu as trevas do mal e da morte, que desvalorizavam a vida e banalizavam a Covid-19 “desqualificando-a de gripezinha” — falando, sem citar, sobre a gestão de Bolsonaro durante a pandemia. Na reunião desta tarde, Greca “até elogiou Bolsonaro pela ajuda milionária para a gratuidade do transporte dos idosos em Curitiba”, contou um dos presentes.

A escolha de Paulo Martins para a vice de Eduardo Pimentel foi feita pelo time de Ratinho Junior — numa costura política com vistas para 2026 e para garantir o Capitão no palanque e, principalmente, nas redes sociais. Greca e seus principais asseclas queriam Marilza Dias, mas tiverem que engolir seco.

O temor no bunker de Pimentel era uma reação extremada do prefeito — o que adversários políticos torcem e acompanham de perto. Mais pela presença de um bolsonarista na chapa oficial dos palácios do que por ficar de fora da decisão da vice.

Não passa pela cabeça dos estrategistas do vice-prefeito não ter Greca de corpo e alma a partir de 16 de agosto. Não aceitam nem um eventual racha no Palácio 29 de Março — já que Luciano Ducci (PSB), um dos principais adversários na corrida eleitoral, mantém um naco de cargos na administração municipal.

A “reunião da paz”, na tarde desta terça-feira (30), foi avaliada como muito positiva para um alinhamento de campanha — e, principalmente, para que nenhum dos lados passe recibo de insatisfação na convenção do PSD marcada para o próximo sábado (3). Uma foto de Greca e Paulo Martins juntos sorrindo e fazendo o “joinha” no fim de semana talvez seja, neste momento, exigir demais, entretanto, palacianos acreditam no hasteamento de uma bandeira branca. Tudo em prol do objetivo maior e comum entre os palácios Iguaçu e 29 de Março: eleger Eduardo Pimentel como prefeito de Curitiba na eleição de 24.

Uma boa fonte do Blog Politicamente, um pouco mais pessimista sobre a “reunião da paz”, relembra o pescador Tomé chamado por Cristo para ser um dos seus discípulos: “Sou como são Tomé, só acredito vendo”. A partir de 16 de agosto saberemos se Rafael Greca estará engajado de corpo e alma na eleição municipal. Se não aderir, talvez tenha que se refugiar a partir de 1º de janeiro de 2025 na chácara São Rafael das Laranjeiras, ao invés do gabinete na Secretaria Estadual das Cidades.

 

 

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