Podemos diz ter gasto R$ 2 mi com Moro, mas conta não fecha

A conta não fechou. O diretório nacional do Podemos, comandado pela deputada federal Renata Abreu, informou ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE) que gastou cerca de R$ 2 milhões com a pré-candidatura de Sergio Moro à Presidência da República no período de quatro meses em que o ex-juiz federal da Lava Jato esteve filiado à legenda – entre 11 de novembro de 2021 e 30 de março de 2022.

No entanto, ao consultar as 130 páginas juntadas pelo Podemos no processo do TRE contra Moro, que pode culminar até com a cassação do mandato de senador, a comprovação destes gastos não chega nem a R$ 500 mil. Numa tabela de Excel, o partido cita os mais singelos gastos, como um anota de R$ 45, até o pagamento de mais de R$ 560 mil em pesquisa eleitoral qualitativa, sem informar o prestador deste serviço. Mas não existem comprovações — não foram acostados notas e comprovantes de pagamento, por exemplo, da quitação do serviço realizado pelo instituto de pesquisa.

As notas e comprovantes de pagamento, no entanto, ficam muito aquém dos dados da tabela de Excel. Gastos como passagens de avião, hospedagem não constam na documentação enviada pelo Podemos ao TRE paranaense. Sem falar no suposto dispêndio de recursos para manter “hábitos de luxo” de Moro, como contratação de “personal stylist”, alfaiataria, roupas, sapatos e óculos de grife, acusação feita quando os ânimos estavam mais acirrados entre as partes.

Os comprovantes de pagamento juntados pelo Podemos se restringem basicamente ao evento de filiação de Moro, cujo um dos protagonistas também foi o ex-senador Alvaro Dias — na época pré-candidato à reeleição para o Senado Federal. Algumas despesas chamam a atenção, como o de aluguel de geradores e a contratação de coffee break.

Despesa com Moro? — Outro desembolso do Podemos que chama a atenção é a contratação do escritório Saud Sociedade de Advogados. O partido junta o contrato assinado, no valor de R$ 150 mil, e o comprovante de transferência eletrônica de R$ 67,5 mil. No entanto, o objeto deste contrato parece não ter qualquer relação com Sergio Moro, já que o escritório faria um trabalho de “investigação interna corporativa” no partido, a partir de uma denúncia de desvios de recursos envolvendo fornecedores.

A documentação juntada até agora pelo Podemos frusta, de certa forma, o PT e o PL que depositavam nestes documentos provas para embasar o pedido de cassação do mandato do senador Sergio Moro. As notas fiscais e as informações prestadas pelo Podemos serão analisadas pelos técnicos do TRE paranaense na ação movida pelo PL e PT.

 

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

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