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O ataque criminoso na cidade de Guarapuava, que completou uma semana, trouxe à discussão o trabalho de inteligência das forças de segurança do Paraná. Especialistas no tema convergem para uma certeza: o crime organizado se combate com inteligência, já que, em quase todas às vezes, a atuação dos bandidos rompe as fronteiras dos Estados e também do país.
E não há como negar que a tentativa de assalto à transportadora de valores da cidade foi uma ação do crime organizado, seja pelo planejamento, seja pelo compartilhamento de funções na execução.
O Blog Politicamente foi atrás do tema e descobriu um robusto investimento na inteligência de 2018 a 2021. Consultando balanços orçamentários enviados pelo governo do Paraná ao Tesouro Nacional é possível observar que dentro da rubrica Segurança Pública, a subfunção Informação e Inteligência recebeu um acréscimo considerável de recursos: passou de R$ 72,7 milhões em 2018 para R$ 603,4 milhões em despesas liquidadas em 2021, acréscimo de 729%.
Cobertor curto — No entanto, em se tratando de orçamento público, o cobertor costuma ser curto. Logo, se houve incremento na inteligência, outros setores tiveram retração.
Os mesmos balanços orçamentários mostram que em 2021, a função Segurança Pública no Paraná teve R$ 3,45 bilhões em despesas liquidadas, contra R$ 3,57 bilhões em 2018, queda de 3,3%. A subfunção Policiamento sofreu redução de 24%, e a Defesa Civil, -88%.
A queda nas despesas com Segurança Pública ocorreu mesmo em um cenário de crescimento nas receitas, que passaram de R$ 49,3 bilhões para R$ 51,1 bilhões.
Redução — Os dados do Tesouro Nacional revelam mais: o banco de dados Finanças do Brasil (Finbra), que contém a execução orçamentária de todos os estados, revela que apenas dois deles reduziram as despesas com Segurança Pública entre 2018 e 2021: Acre (-6,4%) e Paraná (-3,3%).
Os vizinhos da Região Sul, por exemplo, ampliaram as despesas liquidadas: 9,9% em Santa Catarina e 26,9% no Rio Grande do Sul.
Questionamento — Ao manifestar solidariedade aos policiais feridos na ação criminosa em Guarapuava, a AMAI (Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares Ativos Inativos) aproveitou para questionar o que considera falta de investimentos em segurança pública. E ao analisar os balanços orçamentários entre 2018 e 2021, a entidade representativa tem uma certa razão, já que houve queda nominal nos gastos com segurança pública – sem considerar a inflação acumulada no período.