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A indisposição que reverberava nos bastidores, ganhou os holofotes durante a sessão matutina desta quarta-feira (29) da Assembleia Legislativa. Os deputados estaduais ficaram possessos com o evento Pacto pelo Futuro promovido pelo Palácio Iguaçu também nesta manhã — o que impossibilitou a presença dos parlamentares na solenidade.
A reclamação de realização de eventos do governo e dos secretários de estado no mesmo horário das sessões plenárias até então era comentada pelos corredores da Assembleia e do Palácio Iguaçu. Reuniões com o chefe da Casa Civil, João Carlos Ortega, já foram feitas e o assunto parecia ter sido superado com o despacho governamental assinado por Ratinho Junior disciplinando o tema. Mas, ao que parece, na prática o “problema” persiste.
A indignação foi tanta que quem puxou fila de lamentações foi o deputado Marcelo Micheletto (PL), amigo pessoal do governador Ratinho, ex-secretário e ex-líder do governo na Alep. “Quero fazer um apelo ao presidente. O governo não pode fazer eventos no horário que estamos em sessão aqui. Nós gostaríamos todos de participar do evento que teve hoje do PPA lançado pelo governador Ratinho Junior, Faço um apelo ao senhor (Traiano) que é nosso presidente, conversamos com o líder do governo, eu sou da base do governo e gostaria imensamente, como todos os deputados aqui, de participar do evento participar dos eventos, mas que não fosse no horário da sessão. Podia ser feito a tarde, na terça de manha. Sinto um desrespeito com esta Casa e com os deputados da base, principalmente”, esbravejou.
O deputado Artagão Júnior, que estava no telefone, fez questão de encerrar a ligação e pedir a palavra. ” Esta indignação não se resume apenas a questão dos eventos. Também a postura de alguns secretárias que esquecem que os deputados têm compromissos de segunda a quarta-feira Eu tenho visto a luta do líder Hussein (Bakri) no sentido que os secretários respeitem este parlamento, respeitem os deputados, respeitem quem tem voto, respeitem que ajudou a eleger e reeleger o governador Ratinho Júnior. E tem secretários que não ouvem ou não querem ouvir ou não querem respeitar”, disse Artagão, que é do mesmo partido de Ratinho.
“Quem bate é a gente” — A surpresa de expor a indignação publicamente pegou até a oposição de surpresa. O deputado Arilson Chioratto (PT) chegou a brincar. “Agora eu estou preocupado. Nós vamos ficar desempregado. Quem bate no governo é a gente (oposição)”, disse, para risos dos parlamentares.
O líder do governo, Hussein Bakri, também se manifestou. “O secretário da Casa Civil, (João Carlos) Ortega, já fez um decreto que abraça todas as questões aqui trazidas. Eventualmente, um fato como este é esporádico, mas não está correto. Eu mesmo como líder do governo não podia abandonar meu posto aqui. Mas precisa melhorar e eu vou trabalhar para isso, vou tratar deste tema na reunião de segunda-feira com toda a dureza que ele merece”.
O presidente da Assembleia, Ademar Traiano, se manifestou sobre o caso, no mesmo sentido, cobrando a necessidade de um “enquadramento”. Estou há mais de 33 anos aqui no poder legislativo e isso é recorrente em todos os governos. Agora a necessidade de enquadramento é verdadeiro. Já tem um ato do governador e espero que seja cumprido”, afirmou, citando o despacho governamental.
Traiano aproveitou para tranquilizar os parlamentares com relação ao programa de asfaltamento das cidades com até 7 mil habitantes — que será lançado pelo governo do Estado no mês de abril. “Também quero, em nome da Mesa Executiva, dizer que o evento que vai acontecer em relação as cidades de até 7 mil habitantes tem a participação de recursos da Assembleia, portanto, quando for definido o horário nós encaminharemos um comunicado e um convite à todos os deputados, independente se é da base ou da oposição. Todos têm o direito de participar deste evento”, concluiu Traiano, que foi aplaudido pelos pares.
A discórdia — A propósito, o “evento da discórdia” foi o lançamento nesta quarta-feira (29), no Museu Oscar Niemeyer, do Pacto pelo Futuro, que consiste na participação mais ativa de toda a sociedade na elaboração do Plano Plurianual (PPA) 2024-2027. O objetivo do governo é promover um diálogo efetivo com os demais poderes e a população para o planejamento de médio e longo prazo do Paraná, além de tornar mais claro à população o trabalho realizado pelos órgãos e departamentos do Executivo, Legislativo e Judiciário.