Ministros vão ocupar 5 das 6 vagas do Conselho da Itaipu

Daniela Neves, Foz do Iguaçu, colaboração para o Blog Politicamente

O Conselho de Administração da Itaipu Binacional será formado quase que em sua integralidade por ministros do governo do presidente Lula. A informação foi adiantada pelo diretor-geral do lado brasileiro da usina, Enio Verri, durante o evento de posse, realizado no fim da manhã desta quinta-feira (16).

Os nomes, porém, não foram revelados — assim como os da diretoria do lado brasileiro. Lula, durante o evento, fez mea-culpa. O presidente afirmou que não deu tempo de decidir a tempo, mas se comprometeu a anunciar e dar posse aos novos conselheiros e diretores na semana que vem.

A presença maciça dos ministros já era comentada nos bastidores, mas a confirmação oficial acaba com a esperança e expectativa de muitos políticos — principalmente do Paraná. O cargo é motivo de cobiça pela equação: ótimo salário e pouco trabalho. O vencimento é de R$ 36 mil por mês para participar de uma reunião bimestral.

Enio foi enfático: das seis vagas no Conselho, cinco serão ocupadas por ministros de Estado — além do representante do
Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Mas e a sexta vaga, quem será o felizardo, comentavam alguns dos presentes?

O Blog Politicamente já adiantou que o ex-deputado Michele Caputto, do PSDB do Paraná, deve ser o escolhido. “O Michele Caputto só não vai para o Conselho da Itaipu se o nome dele não passar pelo compliance”, disse uma fonte. O ingresso de Caputto no Conselho faz parte de uma articulação política nacional entre os “ex-inimigos” PT e PSDB.

O corpo diretivo da Itaipu também não foi anunciado — mas alguns nomes já estão praticamente confirmados. Além de Ênio Verri, o ex-deputado federal pelo PSD Pedro Guerra — filho do ex-ministro Alceni Guerra –, deve ficar com a diretoria financeira, Luiz Fernando Delazari com a jurídica e Carlos Carboni, pessoa de confiança da presidente nacional do PT Gleisi Hoffmann, é dado como certo na diretoria de Coordenação. O diretor técnico e o administrativo ainda são uma incógnita.

Obras inacabadas — Sobre as obras de acesso, do lado brasileiro, a Ponte Integração, que liga o Brasil ao Paraguai, Enio Verri afirmou que hoje o maior entrave não são as rodovias, mas sim a instalação de posto alfandegário — de responsabilidade da Receita Federal.

Uma das expectativas do Governo do Paraná é justamente a continuidade das obras custeadas pela Itaipu — parceria muito ativa no governo passado. Enio Verri afirmou que as obras iniciadas com recursos da Itaipu serão todas terminadas. Novas obras, no entanto, vão ser revistas e precisarão estar alinhadas e aprovadas de acordo com as metas definidas pela empresa, entre elas o desenvolvimento da região.

Uma das principais obras na lista a serem acabadas é o prédio da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana). O presidente da República firmou o compromisso de terminar a obra dentro da área da Itaipu, um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer. “A Unila era uma universidade latino-americana que nos criamos para que tivéssemos um currículo latino-americano e que pudéssemos ter jovens de toda América do Sul. Eu sonhava que ela já tivesse inaugurada a Unila e fiquei com muita tristeza quando passei de helicóptero agora e parece um prédio abandonado”, disse Lula.

Iniciada em 2011, a obra foi interrompida em 2015 por decisão da Unila, que rescindiu o contrato com a construtora alegando desrespeito de deveres contratuais. De acordo com Enio Verri, o governo federal deve fazer inspeção na obra para verificar se não está comprometida e definir uma solução para o caso. O orçamento inicial era de R$ 241 milhões, valor que pode dobrar se as alegações da primeira construtora estiverem corretas, como necessidade de proteger a construção de uma falha geológica.

Novo acordo — O Brasil deve esperar as eleições presidenciais do Paraguai, marcadas para o mês de abril, para definir o novo acordo entre os países para gestão da hidrelétrica. O atual acordo encerra em agosto. Mas nos próximos meses a nova política de tarifa deve ser definida. Enio Verri disse que logo após a posse da nova diretoria será colocada em pauta a política tarifária de 2023.

 

Foto: Reprodução Redes Sociais

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