Lembra dele? Rasera é preso novamente após condenação por grampos

O ex-policial civil Délcio Augusto Rasera voltou a ser preso por policiais do Gaeco (Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público do Paraná. Ele foi detido na última quarta-feira em casa, no bairro Vila Izabel, em Curitiba, e foi levado para a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) onde ex-policiais ficam presos.

O mandado de prisão foi expedido após o Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ) negarem o recurso contra a condenação pelos crimes de quadrilha e diversas escutas ilegais, popularmente conhecidas como “grampos”. A pena caiu de 20 para quase 12 anos. Sem mais recursos, o mandado de prisão saiu para que Rasera cumpra a pena.

Pátria Nossa — Rasera foi preso em setembro de 2006 pela antiga PIC (Promotoria de Inquéritos Criminais) na operação Pátria Nossa e o caso teve bastante repercussão no meio político porque ele tava afastado da polícia para trabalhar na Casa Civil do Governo do Paraná na gestão do então governador Roberto Requião.

Na época, Rasera ocupava o cargo de assessor especial de Requião, trabalhando no quarto andar do Palácio Iguaçu, mas havia boatos que ele mantinha uma sala secreta no subsolo — tanto é que promotores aventaram a possibilidade de pedir um mandado de busca e apreensão a ser cumprido na sede do Governo do Paraná.

Escândalo na campanha de Requião — Era um assessor preso acusado de grampear, fazer escutas clandestinas, em plena campanha eleitoral — que terminou com a vitória apertadíssima de Requião contra Osmar Dias por uma diferença de pouco mais de 10 mil votos.

Rasera era apontado como o articulador do esquema, que mantinha pelo menos três “escritórios” de investigação que ofereciam serviços para empresários, advogados, políticos e autoridades públicas, realizando escutas sem autorização judicial de telefones móveis e fixos. Centenas e centenas de fitas com as escutas ilegais foram apreendidas na operação. Setores do próprio governo, como a Sanepar, até clínica de fertilidade e promotores foram grampeados.

“Fala que eu te escuto” — O ex-policial foi preso, saiu da cadeia por força de um habeas corpus e tentou se aventurar na política. Em 2008, Rasera se candidatou ao cargo de vereador de Curitiba com o slogan “Fala que eu te escuto”, numa clara referência à acusação de arapongagem.

Comenta-se que Rasera escreveu um livro enquanto estava preso, contando a sua “versão da história”, mas que já instruiu a família a publicá-lo somente depois de sua morte — como uma “garantia de vida”.

Revolta de Requião — A prisão de Rasera, na véspera da eleição, deixou o então governador licenciado Roberto Requião furioso. Na época, a coordenação jurídica da campanha de reeleição pediu ao MP a quebra do sigilo telefônico de quatro jornalistas que cobriam o caso. O objetivo era chegar às fontes das informações trazidas nas reportagens sobre a prisão de Rasera. O pedido não foi atendido.

 

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