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Ratinho Junior retorna a Curitiba neste sábado. Volta de uma viagem rápida aos Estados Unidos — local escolhido para tirar uns dias de descanso após a eleição.
O governador vai encontrar um cenário político completamente diferente. Os sorrisos, telefonemas e cumprimentos pela reeleição dão lugar a uma agenda com aliados, caciques e lideranças partidárias cuja pauta é uma só: cargos e espaços no segundo governo. Previsão de reuniões tensas e muita especulação.
Com uma ampla aliança formada por 10 partidos para disputar a eleição e uma bancada na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal mais encorpada, Ratinho terá de se desdobrar para agradar a todos. Obviamente alguns sairão insatisfeitos.
Aumentar secretarias — Para acomodar toda a tropa, não tem saída. Ratinho terá de quebrar um dos pilares do marqueteiro argentino, que passou quatro anos falando em corte de secretarias e privilégios. A expectativa é de que a quantidade de pastas aumente e possa ultrapassar o número de 20. Algumas serão desmembradas em mais de uma.
Pastas desejadas — Três secretarias são as mais disputadas nos bastidores, consideradas estratégicas pelos caciques: Secretaria do Desenvolvimento Urbano e de Obras Públicas (Sedu), a Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest) e a Secretaria de Infraestrutura e Logística (Seil). O comando destas pastas já é cobiçado pelo União Brasil e PP. E os progressistas já enviaram recados que não considerarão Guto Silva como cota do partido. Será cota pessoal do governador.
O encaixe dos aliados vitoriosos nas urnas no secretariado é apenas uma das dores de cabeça. E os parceiros que não tiveram êxito? Paulo Martins, por exemplo, que não ganhou o Senado certamente não ficará a pé. Pode assumir um cargo em Brasília, em caso de reeleição do Capitão Bolsonaro, ou aqui no Estado. E os que ficaram nas suplências? E aqueles que foram além das expectativas e se elegeram com expressivas votações? É normal que estes sonhem com posições maiores.
Além do Governo — Sorte que o secretariado não é o único espaço de acomodação que disporá o governador. O comando das estatais e até de Itaipu — num eventual segundo governo do presidente Bolsonaro — também estão no radar.
Ao longo dos próximos quatro anos, Ratinho poderá indicar dois novos conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE), além de posicionar os seus nos postos de comando da Assembleia Legislativa.
Invariavelmente, Ratinho terá de usar o futuro para acalmar parte dos aliados. As prefeituras, em jogo em 2024, podem ser um bom destino. Afinal, contar com o apoio do governador reeleito com quase 70% dos votos é um belo cartão de visitas.
Prefeitada — Ao mesmo tempo, em 2025 virão novos problemas: acomodar “os prefeitão” aliados de primeira hora que não podem disputar mais a reeleição. E aqui vão alguns dos exemplos: Rafael Greca (Curitiba), Marcelo Belinati (Londrina), Ulisses Maia (Maringá) e Leonaldo Paranhos (Cascavel). Em comum, todos esperam um lugar ao sol no Governo do Estado.
Para 2026, o leque é amplo também. O sucessor ao Palácio Iguaçu, o vice e os dois candidatos ao Senado são alguns dos cargos que certamente passarão pelo crivo do governador.
Capitão Bolsonaro — Conter a fome de alguns caciques mais gulosos é apenas uma das missões neste retorno de Ratinho Junior a Curitiba. De Brasília, vem uma pressão para entrar de cabeça na campanha de reeleição do Capitão. Enquanto esteve nos EUA, a equipe do governador tratou de usar as redes sociais em prol de Bolsonaro.
Problema bom — Se não bastasse isso tudo, deve chegar na mesa do governador nos próximos dias as duas listas tríplices — uma da OAB e outra do Ministério Público — para indicação de dois novos desembargadores do Tribunal de Justiça do Paraná. Mas, diante da angústia da classe política, estas indicações para o Poder Judiciário são tarefas relativamente simples. É o famoso problema bom.
Ratinho não terá dias fáceis. Haja espaço na agenda para acalmar a classe política. Conversas e mais conversas com João Carlos Ortega — homem de confiança de Ratinho. E, mesmo após isso tudo, depois de muita acomodação e estica e puxa, o governador vai atrair novos desafetos que se sentirão desprestigiados.