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Pesquisa: eleitores apontam responsável pelo escândalo do INSS: 31% Lula e 8% Bolsonaro

Gestão de Lula vai mal perante os olhos da nação e, se não revertida a tempo, pode comprometer o projeto Lula 4.0 e até encolher ainda mais o PT

Os dados trazidos pela Pesquisa Quaest sobre a aprovação do governo Lula, divulgada nesta quarta-feira (4), apenas quantifica o que já era sentido nos bastidores da política do país. A gestão do presidente petista vai mal perante os olhos da nação e, se não revertida a tempo, pode comprometer o projeto Lula 4.0 e até fazer com o PT encolha ainda mais no cenário político.

Apontado por 31% dos entrevistados como o principal responsável pelo desvio de dinheiro de aposentados e pensionistas, a imagem de Lula foi tragada para o epicentro de um escândalo de corrupção que tem potencial para transformar o Mensalão do Lula 1.0 parecer um crime de menor potencial ofensivo. Para 8%, é o ex-presidente Jair Bolsonaro o responsável pelo caso de corrupção envolvendo o INSS.

Aliás, esta “maldita paternidade”, que segundo a Quaest é de conhecimento de 82% dos entrevistados, parece ser o único foco de discussão entre aliados de Lula e de Bolsonaro em Brasília, enquanto a instalação da CPMI para investigar o caso repousa na gaveta de Davi Alcolumbre. A promessa é que ainda em junho ela seja desengavetada.

Até Sidônio Palmeira, convocado para assumir a secretaria de Comunicação de Lula para reverter a vertiginosa queda de popularidade do presidente, parece incrédulo diante de tantos fatos negativos — muitos deles provocados pelo próprio Palácio do Planalto. Um deles, e o mais recente, o aumento do IOF — medida desastrada apresentada pelo ministro Fernando Haddad que não resistiu nem três horas de críticas, principalmente do mercado financeiro.

Na pesquisa Quaest está lá: 50% dizem que o governo errou ao manter ao aumento para compra de dólares. Sidônio Palmeira que ensaiava uma recuperação de Lula, com o anúncio do projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês, embora o Congresso Nacional ainda não tenha se debruçado sobre o tema, vê todo o trabalho regredir. Embora a Quaest sinalize que a medida foi bem aceita no Nordeste — reduto eleitoral de Lula, onde a crise parece ter sido estancada. Mas só lá.

A desaprovação de Lula chega a 57% dos eleitores brasileiros — a aprovação da gestão do presidente oscilou para baixo dentro da margem de erro, para 40%. Os piores resultados desde o início do mandato.

O Sudeste passou os sulistas no topo de região com maior desaprovação ao presidente Lula. No Sul, 62% desaprovam o governo petista (eram 64% na pesquisa anterior), enquanto a aprovação é de 37% (eram 34%) — para uma margem de erro de 6% para mais ou menos. No Sudeste, a desaprovação oscilou de 60% para os atuais 64%, enquanto que a aprovação hoje é de 32% e na sondagem passada era 37% — para uma margem de erro é de 3%.

Governo apático e a tábua de salvação

O governo parece não ter mais a capacidade de provocar fatos positivos e se depara com a iminente instalação da CPMI do INSS que pode piorar ainda mais os índices de Lula. Ao mesmo tempo, a mesma CPMI pode ser a esperança do presidente e do PT — já que os investigadores se deparam com a suspeita de um grupo de congressistas (deputados e senadores) que abocanhavam um naco do que era desviado dos aposentados do INSS.

É a tábua de salvação de Lula, transferir o escândalo — ou pelo menos uma parte dele — para o colo de outrem, desde que não tenha, claro, petista dentre os supostos recebedores. Em se confirmando a digital de deputados e/ou senadores no escândalo, a apuração por parte da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União é imediatamente interrompida e encaminhada ao Supremo Tribunal Federal — por conta da prerrogativa de foro.

E aí, a depender da coloração partidária e da “grife” dos supostos recebedores de parte do montante bilionário desviado dos aposentados do INSS, como uma espécie de mesada, a Suprema Corte vai imprimir a velocidade do julgamento. Isso tudo dentro de um cenário de ano pré-eleitoral. Lula corre contra o tempo para que o grupo de congressistas venha à tona.

Enquanto isso, Lula derrete na popularidade comprometendo não só a imagem do governo, como a governabilidade nas duas Casas Legislativas e a costura política para 2026, já que até mesmo partidos historicamente identificados com o PT estão virando as costas — o PDT é o exemplo mais recente, após a eclosão do escândalo do INSS.

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