Ratinho já tem nomes para Cidades e Agricultura. E Greca recusa convites

Nesta primeira rodada do jogo, os planos de Ratinho Junior não saíram como ele esperava e ajustes serão necessários para evitar que, ao fim da reforma do secretariado, tenhamos mais lágrimas do que sorrisos.

Antes mesmo de embarcar para os Estados Unidos de férias, o governador Ratinho Junior já desenhava, sozinho, as mudanças no seu secretariado. Tinha como objetivos abrigar ex-prefeitos aliados que encerraram seus mandatos em 2024, preparar o xadrez político para as muitas posições em jogo na eleição de 2026 e não provocar uma cisão dentro da equipe. Mas, como diria o anjo das pernas tortas, Mané Garrincha, faltou combinar com os russos.

Assim que desembarcou no Paraná, Ratinho deu início, já durante o último fim de semana, às conversas sobre as mexidas no 1º escalão. Ainda na fazenda da família, o governador interrompeu o descanso ao se reunir com o deputado federal Marco Brasil, do Progressistas, e sinalizou que é ele quem deve substituir Ricardo Barros no comando da Secretaria de Indústria e Comércio.

Uma boa fonte do Blog Politicamente conta que, se nada mudar, Ratinho vai alçar Guto Silva para a poderosa Secretaria das Cidades e Márcio Nunes deixaria o Turismo para comandar a secretaria de Agricultura. As duas pastas com enorme capilaridade. Nenhum ruído até aqui, porque a dupla encara a futura provável missão como um carimbo no passaporte para voos maiores em 26.

Guto como eventual sucessor de Ratinho, já que vai comandar a secretaria das Cidades com a caneta cheia para distribuir recursos à prefeitada que se alinhar ao projeto, e Márcio Nunes vai alimentar o sonho de, quem sabe, até disputar o Senado Federal.

Mas em se tratando de Senado é bom pontuar que existe um compromisso de Ratinho com Jair Bolsonaro de que uma vaga será do PSD e outra do PL para a Câmara Alta — tendo o nome do bolsonarista Filipe Barros como o mais cotado pelos liberais. Mas se tudo der errado, Márcio Nunes constrói uma reeleição tranquila na Assembleia Legislativa ou uma vaga na Câmara Federal. A depender do gosto do freguês.

Mas assim como na física de Newton, na política também vale a lei da ação e reação: para toda força de ação que é aplicada a um corpo, surge uma força de reação em um corpo diferente. As prováveis indicações de Guto Silva e Márcio Nunes sinalizam derrotas para alguns que almejavam protagonismo em 26. Os secretários Beto Preto, da Saúde, e Sandro Alex, da Infraestrutura, por exemplo, ficam mais afastados de uma disputa ao Senado. Coincidentemente os dois não conseguiram emplacar seus prefeitos nos redutos eleitorais.

E Alexandre Curi pode ser preterido por Guto Silva na corrida pelo Iguaçu em 26 — o que deve gerar barulho na Assembleia Legislativa, já que a grande maioria dos deputados são entusiastas da pré-candidatura do presidente da Casa. Já o secretário da Fazenda, Norberto Ortigara, teria de romper de vez o cordão umbilical com a pasta da Agricultura já que Natalino Avance deixaria a função para dar espaço a Márcio Nunes. São possíveis reações às futuras e prováveis ações de Ratinho Junior.

Rafael Greca recusa três secretarias

O governador também tinha planos para o ex-prefeito de Curitiba Rafael Greca, mas o resultado não foi o esperado. Greca se reuniu ontem (11) com João Carlos Ortega no período da tarde no Chapéu Pensador. É lá que é tratada a reforma do secretariado, já que no Palácio Iguaçu as entradas e saídas dos escolhidos atrairiam olhares curiosos. Segundo uma fonte, Greca teve a opção de escolher entre três secretarias: Cultura, Turismo e Desenvolvimento Sustentável — sinalizando que Everton Souza não deve continuar na pasta do Meio Ambiente e deve retornar ao IAT.

Greca ouviu, sorriu e declinou dos convites. Não topou nenhuma das secretarias ofertadas pelo governo. Problema que o Iguaçu terá de contornar nos próximos dias. E aqui é preciso fazer um remember: voltemos a 2022, quando Greca se filia ao PSD com toda pompa na presença de Gilberto Kassab — mandachuva do partido, com a promessa de assumir a Secretaria das Cidades em 2025. Eduardo Pimentel acumularia a vice-prefeitura com a pasta das Cidades para ganhar musculatura política e administrativa para encarar o pleito de 2024.

A estratégia deu certo, Eduardo foi eleito prefeito, mas o convite para Greca comandar a Secretaria das Cidades não veio — frustrando o ex-prefeito, que se já não foi, vai se queixar a Kassab sobre o compromisso não cumprido. Recentemente Greca chegou a se colocar como pré-candidato ao governo em 26. E pode não ser um blefe. Se a porta do PSD for fechada, Ricardo Barros está com o tapete estendido para recebê-lo e passa a ganhar outro status na articulação envolvendo a disputa pelo Executivo Estadual.

Ratinho não quer perder Rafael Greca, mas precisa equacionar o binômio: Gilberto Kassab e Jair Bolsonaro, dois personagens centrais da estratégia do governador paranaense de disputar a eleição presidencial. O Capitão não pode nem ouvir o nome de Rafael Greca após as declarações de que o ex-presidente representava “as trevas do mal e da morte, que desvalorizavam a vida e banalizaram o momento tão grave” — se referindo ao momento de epidemia da Covid-19.

Nesta primeira rodada do jogo, os planos de Ratinho Junior não saíram como ele esperava e ajustes serão necessários para evitar que, ao fim da reforma do secretariado, tenhamos mais lágrimas do que sorrisos.