A posse do deputado Alexandre Curi na presidência da Assembleia Legislativa e da desembargadora Lídia Maejima no comando do Tribunal de Justiça do Paraná, na tarde desta segunda-feira (3), concentraram o maior número de autoridades por metro quadrado em Curitiba — como há muito não se via. Políticos de diferentes castas passaram pela sede do legislativo e do judiciário para prestigiar a posse dos eleitos — cada qual com seus interesses. A cúpula dos poderes e de muitas entidades civis se fizeram presente.
Só na posse de Curi, eram sete os ex-governadores presentes: Álvaro Dias, Beto Richa, Cida Borghetti, João Elísio Ferraz de Campos, Roberto Requião, Orlando Pessuti e Paulo Pimentel — este último muito aplaudido quando teve o nome anunciado durante a cerimônia. Políticos com divergências quase intransponíveis se ombrearam dentro de um plenário absolutamente lotado. Petistas aliados do presidente Lula também marcaram presença — como o diretor geral da Itaipu, Ênio Verri, e o deputado federal Zeca Dirceu, comprovando o evento suprapartidário. Senadores, deputados federais, secretários municipais e estaduais, além de dirigentes partidários e mais de duas centenas de prefeitos e vice acompanharam a posse de Curi.
E para aproveitar esta “caravana” para a capital, Curi ainda arrumou tempo de dar uma “passadinha” durante à noite num restaurante em Santa Felicidade para cumprimentar mais algumas dezenas de prefeitos aliados. Mas além da posse, havia também um compromisso inadiável: o jantar com os filhos gêmeos que comemoram o aniversário nesta terça-feira. Deu tempo para tudo, apesar dos compromissos.
Durante o discurso, Curi fez uma sinalização ao governador Ratinho Junior ao elogiar a liderança e as ações e projetos do governo. Todas as quase 2,5 mil pessoas que passaram pela Assembleia nesta terça sabem que Curi assume a presidência da Casa com um olho já no outro lado da rua. Em 2026, Alexandre Curi deve colocar o nome à disposição do PSD para disputar o Palácio Iguaçu. E se não for pelo partido do governador, pode ser até mesmo por outra legenda. E com o projeto político ambicioso, nada melhor do que contar com a bênção de Ratinho.
Embora não tenha discursado, Ratinho destacou, durante uma rápida entrevista após a cerimônia de posse, o bom relacionamento entre executivo e legislativo. O governador ainda não sinalizou o sucessor para 2026, mas, por enquanto, dois nomes despontam nos bastidores do Centro Cívico: o de Alexandre Curi e do secretário de Planejamento, Guto Silva — este último, inclusive, participou da posse da nova Mesa Executiva.
A harmonia entre os poderes, aliás, também foi citada pelo novo presidente da Assembleia. O bom relacionamento político com autoridades dos mais diferentes colorações partidárias e ideológicos, aliás, é uma qualidade que Curi herdou do avô Aníbal.
O ineditismo de Lídia Maejima
Depois do beija mão na Assembleia começou a romaria até o Tribunal de Justiça do Paraná. Muitos dos personagens eram os mesmos, mas a posse da desembargadora Lídia Maejima cumpriu todas as pompas e circunstâncias típicas do Judiciário. A nova presidente fez um discurso sucinto, aliás fez questão de pontuar esta objetividade: “escolhi um discurso sucinto inclusive como símbolo de uma ética de trabalho focada menos em promessas ou palavras e mais em ações efetivamente transformativas da sociedade”.
A questão de gênero e o ineditismo de uma mulher comandar o Tribunal de Justiça do Paraná não podia ficar de fora diante de tamanho fato histórico. O tema foi pontuado no discurso de Lídia Maejima, só que mais “explorado” pelos oradores que a antecederam, em especial do também recém-eleito presidente da OAB do Paraná, Luiz Fernando Casagrande Pereira, que relembrou a gestão da advogada Marilena Winter na OAB paranaense e a ministra Ellen Gracie no Supremo Tribunal Federal para desejar sucesso à Lídia Maejima.