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O surpreendente desempenho de Cristina Graeml (PMB) na eleição de Curitiba rendeu à jornalista o apelido de “Marçal de saias” para além das fronteiras do Paraná. É uma alusão direta ao candidato do PRTB de São Paulo que entrou na disputa na capital paulista sem tempo de rádio e televisão, sem nenhum tostão de fundo eleitoral e por muito pouco não chegou ao 2º turno. A candidata do PMB, que na reta final conseguiu um vídeo de apoio de Pablo Marçal, teve melhor sorte e vai disputar o 2º turno contra Eduardo Pimentel (PSD).
Outra semelhança entre Cristina e Marçal foi o flerte que ambos tiveram com Jair Bolsonaro durante o processo eleitoral. O “Capitão” declarou voto publicamente para Eduardo Pimentel em Curitiba e para o prefeito Ricardo Nunes (MDB), mas durante a campanha o ex-presidente sinalizou simpatia para a candidata do PMB e do PRTB. Em Curitiba, Bolsonaro foi até mais explícito: “Eu não abro voto por você, você sabe o porquê. Mas torço por você e ponto final”, disse o Capitão para Cristina Graeml numa vídeochamada.
Aliás, o posicionamento de Bolsonaro no 2º turno em Curitiba é considerado estratégico tanto para Eduardo quanto pela candidata do PMB. Ninguém arrisca em qual canoa o ex-presidente irá embarcar na capital paranaense. Foi o governador Ratinho Junior, pessoalmente, quem costurou o apoio com Bolsonaro após uma reunião em Brasília — que selou a entrada de Paulo Martins para a vice na candidatura do PSD. Estava tudo muito bem alinhavado, o Capitão chegou a gravar um vídeo de apoio à chapa Eduardo/Paulo Martins, mas a ausência da gravação em grande parte da campanha eleitoral de Eduardo teria descontetado o ex-presidente.
Ciente do desconforto, Cristina Graeml decidiu ocupar o vácuo deixado pelo PSD e passou a arrebanhar votos da direita e de seguidores de Bolsonaro. Foi justamente dentro do eleitorado que votou no ex-presidente em 2022 em Curitiba que ela cresceu e Eduardo tomou o caminho contrário. Os palácios Iguaçu e 29 de Março chegaram a comemorar quando as urnas fecharam e colocaram Eduardo à frente da adversária. Passar em segundo para o outro turno poderia causar um abalo psicológico na campanha do PSD.
Muito provavelmente será o governador Ratinho quem terá de tomar as rédeas da nova negociação com Jair Bolsonaro para manter o apoio a Eduardo ou pelo menos tentar a neutralidade dele no 2º turno em Curitiba. Obviamente que Cristina vai tentar justamente atraí-lo e consolidar esta aliança com Bolsonaro. O desafio de Ratinho será convencer o ex-presidente já que ele enxerga o governador do Paraná como uma possível ameaça eleitoral em 2026. Foi assim com Tarcísio de Freitas em São Paulo quando Bolsonaro acenou para Pablo Marçal enquanto o governador paulista foi o principal avalista de Ricardo Nunes.
Em outras palavras, a disputa por 2026 pode colocar Bolsonaro e Ratinho em campos opostos no 2º turno de Curitiba em 2024. O governador vai abrir o novo mapa político eleitoral do Paraná que pode assegurar uma boa quantidade de votos no próximo pleito — caso a Justiça Eleitoral reveja a decisão de inelegibilidade do Capitão. Ratinho já dá sinais claros que quer alçar voos maiores em 2026, mas fontes palacianas garantem que ele não estaria disposto a provocar uma ruptura no campo da Direita. Nem que para isso adie os planos de disputar o Palácio do Planalto.