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Tem tudo para subir no telhado mais uma vez a privatização da Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, região metropolitana de Curitiba. A Petrobras deu prazo até esta sexta-feira, 15 de julho, para interessados manifestarem interesse por três refinarias que estão no plano de desestatização desde 2019: Repar, Abreu e Lima (Rnes/Pernambuco) e Alberto Pasqualini (Refap/Rio Grande do Sul). Mas a conjuntura político-econômica é desanimadora para investidores, segundo as notícias do setor especializado em energia.
O desânimo ocorre pelo cenário eleitoral, em que os dois candidatos que lideram as pesquisas demonstram que vão adotar mão pesada para intervir no preço dos combustíveis, ou até mesmo rever a venda de ativos da Petrobras. Investidores dizem que não há clima para negócios assim.
A Repar já tinha recebido propostas de compra em 2020, mas a Petrobras informou que os valores estavam abaixo da avaliação econômico-financeira da planta e por isso o negócio não prosperou.
Entretanto, chama a atenção que outra refinaria vendida naquela época, a Landulpho Alves (RLAM/Bahia), tenha ocupado tantas vezes o noticiário recente. Rebatizada de Mataripe e controlada pelo fundo internacional Mubadala, os preços praticados pela refinaria da Bahia superaram os da Petrobras durante boa parte do primeiro semestre de 2022. Em março, por exemplo, o litro da gasolina chegou a R$ 8 em Salvador.
Depois da repercussão negativa, o comando de Mataripe passou a espaçar eventuais aumentos do petróleo no mercado internacional e reduzir o preço mais rapidamente com a queda nas cotações. Mesmo assim, seguindo o preço de mercado em um momento tão turbulento, o preço cobrado na refinaria da Bahia permanece mais alto do que em outras regiões.
A pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostra que nos primeiros dias de julho de 2022, o preço médio do litro da gasolina comum no Paraná, por exemplo, ficou em 6,21, contra R$ 7,34 na Bahia (ou R$ 1,13 de diferença). Em julho de 2020, quando a refinaria da Bahia ainda pertencia à Petrobras, os preços eram mais próximos: o litro da gasolina comum era vendido nos postos a R$ 3,96 no Paraná, contra R$ 4,39 na Bahia (R$ 0,43 de diferença).
De fato, não parece ser um bom momento para privatização de refinarias: nem para os políticos, nem para os investidores e talvez não para o consumidor. Especialistas apoiam a abertura do mercado e ingresso de novos capitais, mas defendem a venda de várias refinarias, inclusive as do Sudeste, mais rentáveis – justo aquelas que a Petrobras quer manter.