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Por Karlos Kohlbach
Eduardo Pimentel aproveitou a sabatina promovida nesta quinta-feira (18) pela Folha de São Paulo e o Portal Uol para afiar o discurso como pré-candidato do PSD à prefeitura de Curitiba. Não fugiu de nenhum tema, enalteceu seus principais apoiadores políticos, Ratinho e Rafael Greca, se posicionou como candidato da centro direita, destacou a importância dos partidos já alinhados na aliança, mas se esquivou, estrategicamente, de assuntos espinhosos.
Talvez, o tema que não estava no roteiro preparado pelos estrategistas da campanha era o caso de corrupção envolvendo o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano — do mesmo PSD de Eduardo Pimentel.
Os entrevistadores falavam sobre a questão do combate à corrupção, quando questionaram a inércia do PSD sobre o correligionário Ademar Traiano, que confessou ter recebido propina de um empresário, mas se livrou de qualquer consequência criminal e cível ao assinar um Acordo de Não Persecução Penal e outro Cível com o Ministério Público do Paraná — homologado pelo Tribunal de Justiça do Paraná.
“Reafirmo que sou contra a corrupção, o que teve na Assembleia foi um acordo judicial entre os poderes legislativo e judiciário. Não faço parte da executiva nem estadual nem municipal do meu partido e não tenho como opinar sobre o andamento desta investigação”, disse o pré-candidato do PSD. A investigação deste caso foi encerrada no final de 2022 com a assinatura dos acordos — mas eles só vieram à tona no ano passado.
A polarização entre esquerda e direita estava no script, e Eduardo Pimentel preferiu respostas evasivas e curtas. Ao se colocar como candidato da centro direita, disse que se for eleito prefeito de Curitiba não quer mudar a ideologia de ninguém, as convicções de ninguém, e sim administrar bem a cidade. Mas ao ser instado para comparar os governos Lula e Bolsonaro, o vice-prefeito foi direto: “todos os governos têm acertos e erros, mas acho que o do Bolsonaro teve mais avanços do que o atual governo esta tendo”.
Citou por exemplo que no governo do ex-presidente foi colocada em prática a gratuidade do transporte coletivo para os idosos em Curitiba, graças ao repasse do governo federal. E ao apontar as deficiências do governo Lula, disse que precisa melhorar bastante, porque a inflação está alta e economia estagnada. “Governo falta gerência, administração e pulso firme para controlar os juros e a inflação”, avaliou.
Outro tema sensível abordado na sabatina foi a fala do prefeito Greca contra Jair Bolsonaro. Num evento na Assembleia Legislativa de entrega de uma honraria ao ex-governador paulista João Dória, Greca comentava sobre o desempenho de Curitiba na pandemia da Covid-19 quando disse em “trevas do mal e da morte” — comparando com o cenário nacional, na época comandado por Bolsonaro. Eduardo Pimentel tem Greca como um dos principais cabos eleitorais, mas ao mesmo tempo está com o PL no arco de aliança. Diante da saia justa, disse que respeita a opinião dos dois.
Sobre o PL, Eduardo Pimentel disse que ainda esta trabalhando para ter o apoio do PL e não confirmou Paulo Martins como vice — embora dentro do Iguaçu o acerto já é dado como líquido e certo. Tanto o PL no arco de aliança quanto do ex-deputado federal na vice.
O apoio de Deltan Dallagnol também foi explorado na sabatina. Com o ex-juiz federal Sergio Moro entrando de cabeça na pré-campanha de Ney Leprevost, o senador paranaense vai tentar atrair Deltan para a outra trincheira. Eduardo Pimentel disse que não existe esta possibilidade. “Nós já temos um acordo, uma parceira e ele tem sido muito firme. O apoio dele é muito importante”, afirmou, citando que o combate à corrupção será uma das principais bandeiras da campanha.
Por falar em Deltan e Moro, Eduardo Pimentel foi sucinto ao avaliar a Lava Jato. Disse apenas que a operação trouxe avanços no combate à corrupção e que se houve excessos na condução das investigações, a Justiça esta apurando.
Temas em ebulição na cidade de Curitiba foram tratados com mais tempo. Tarifa de ônibus, moradores de rua, câmeras corporais na Guarda Municipal e déficit de vagas na educação infantil tomaram grande parte da sabatina.
Eduardo Pimentel deposita sua esperança na licitação do transporte público de 2025 para promover uma tarifa mais justa ao usuário dos ônibus em Curitiba. Aproveitou o assunto para dar uma estocada no ex-prefeito Beto Richa — pré-candidato pelo PSDB. Sem citar o nome do tucano, de quem foi assessor especial quando Richa foi governador do Estado, o vice-prefeito disparou: “Vamos trabalhar para uma tarifa mais justa, herdamos um contrato de outros prefeitos que hoje se colocam como pré-candidatos”, afirmou. O último contrato remete ao ano de 2010 — à gestão de Beto Richa.
“Não há perspectiva de aumento no meu plano de governo da tarifa, mas sim uma discussão com esta nova oportunidade da nova licitação do transporte coletivo no ano que vem. Vou tratar sem demagogia. Não dá para baixar a tarifa sem viabilidade. Se puder (baixar), sem dúvida nenhuma eu farei”, se comprometeu o pré-candidato do PSD. E quando questionado sobre o preço da tarifa, de R$ 6, justificou o valor. “É um transporte efetivo, de qualidade e integrado com a região metropolitana de Curitiba. Quero trabalhar para uma tarifa cada vez mais justa”, repetiu. Com relação à tarifa zero, foi enfático: “não neste momento, não tem estudo técnico que permite isso”.
Eduardo Pimentel se manifestou favorável às câmeras corporais, por proteger a população e o próprio guarda municipal, descartou implantar em Curitiba o projeto de terceirização da gestão administrativa das escolas, como fez o Governo do Estado, quanto à falta de vagas para crianças de 0 a 3 anos, destacou que nos últimos sete anos a prefeitura abriu 12 mil vagas e rejeitou a ideia de repassar para Organizações Sociais a gestão da Saúde de Curitiba. “Fizemos um teste e não foi satisfatório”, citando o caso da UPA da CIC.
Um dos problemas mais latentes da capital, o alto número de moradores em situação de rua, o vice-prefeito afirmou se tratar de um desafio mundial e enalteceu projetos da prefeitura, como o mesa solidária, o forte trabalho de recolhimento e o hotel social.
No bunker de Eduardo Pimentel a avaliação do desempenho dele na sabatina foi positiva.