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O anúncio da desistência de Deltan Dallagnol (Novo) de disputar a prefeitura de Curitiba era até esperado, mas não agora. Não a seis meses da eleição. Assim como não será surpresa a declaração de apoio do Novo ao pré-candidato Eduardo Pimentel (PSD).
Desde a cassação do mandato no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) muitos especialistas em Direito Eleitoral, juristas, já alertavam da questão de inelegibilidade. Mas a aposta é que Deltan registraria a candidatura na Justiça Eleitoral e brigaria juridicamente até as últimas consequências.
A dificuldade em construir aliança somada a incerteza do registro fez Deltan antecipar o movimento e mexer no tabuleiro político de Curitiba. Com bom desempenho nas últimas sondagens eleitorais, que o colocava no topo com outros quatro pré-candidatos — todos empatados dentro de uma ampla margem de erro –, a saída de Deltan reconfigura o jogo para 2024.
E quem ganha e quem perde com a desistência de Deltan Dallagnol? De bate-pronto, a primeira coisa que vem à cabeça é que o grande beneficiado será, sem dúvida, Eduardo Pimentel. Além da saída de um potencial adversário do campo da direita da eleição, o pré-candidato dos palácios Iguaçu e 29 de Março o terá na mesma trincheira. Até porque não é possível desatrelar o anúncio da desistência com o café da manhã oferecido dias antes pelo governador Ratinho Junior e Eduardo Pimentel.
“Eduardinho” traz para dentro da campanha o deputado federal mais votado do Paraná em 2022, com quase 350 mil votos, sendo que só em Curitiba Deltan fez cerca de 150 mil. Na teoria, herda também o voto lavajatista personificado, neste pleito, na pessoa de Deltan.
Lavajatismo — Agora, de certa forma, a desistência de Deltan pode ser boa também para Ney Leprevost (União Brasil) — aquele que talvez seja, no campo da direita, o principal adversário de Eduardo Pimentel em outubro. Ney pode abrir um diálogo com o leitor lavajatista de Curitiba, agora “órfão” sem Deltan na disputa, e exibir o ex-juiz da Lava Jato, o atual senador Sergio Moro, como seu grande aliado. Embora Moro esteja 100% focado na sobrevivência política diante do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral que se avizinha. Ou seja, Ney Leprevost pode abocanhar parte destes votos dos eleitores entusiastas do trabalho da Lava Jato.
Embora não reverta em voto, a decisão de Deltan pode ser vista como boa também para Beto Richa (PSDB) e Luciano Ducci (PSB). Os dois seriam uma espécie de antagonistas ao candidato da Lava Jato. O tucano rivalizaria com Deltan que é apontado como seu principal algoz, responsável não só pela prisão, pelos inúmeros processos, mas também como o motivo da queda do prestígio político do ex-governador do Paraná. Sem Deltan, a candidatura de Beto Richa será mais suave.
Ducci não foi alvo da Lava Jato, mas por levar o PT na aliança, teria a missão de defender Lula e o Partido dos Trabalhadores das investidas de Deltan na campanha eleitoral. O ex-prefeito de Curitiba respira mais aliviado com a saída de Deltan e tentará deixar o PT apenas como uma sigla de apoio.
Agora a notícia da desistência de Deltan foi ruim mesmo para os vereadores e candidatos do Novo a uma cadeira na Câmara de Curitiba. Alguns se filiaram fazendo contas no cenário com Deltan candidato a prefeito. Mudança de rota. Ao deixar de ser candidato, Deltan perde espaço o que atinge seus correligionários. Obviamente que Deltan não vai medir esforços para aumentar a bancada do Novo na Câmara de Curitiba, mas o cenário muda completamente.
Quem diria que a saída de Deltan pudesse ser benéfica aos adversários políticos e tão ruim para a própria chapa de vereadores do partido. A situação pode ser suavizada se Fernanda Dallagnol, esposa de Deltan, disputar a vereança. Pode representar, talvez, um novo oxigênio para os vereadores e candidatos do Novo na eleição de outubro.