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A manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista em São Paulo cumpriu seu objetivo. Pelo menos esta é a avaliação de bolsonaristas ouvidos pelo Blog Politicamente.
Acuado por investigações da Polícia Federal, sob a relatoria rigorosa do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, o Bolsonaro versão 2024 foi bem mais comedido, mais cauteloso com as palavras.
O que não mudou foi a capacidade de levar seu público para as ruas. Uma demonstração inequívoca de poder e liderança política — mesmo um ano depois de ter deixado a presidência. A manifestação comprova que o Capitão não perdeu a conexão com seus eleitores e mantém o poder de mobilização popular. É sim, uma mostra de poder e acaba sendo um recado para o STF, em especial ao ministro Alexandre de Moraes, já que uma possível prisão do ex-presidente poderia causar uma confusão, uma comoção no país. Recado também ao presidente Lula e ao PT que não podem ignorar que o principal adversário, mesmo inelegível e acuado por investigações, ainda leva uma multidão às ruas.
Orientado por seus advogados, o ex-presidente tomou todos os cuidados possíveis para evitar agravar a tensão com o ministro Alexandre de Moraes e com o STF. Ele chegou a pediu aos seus seguidores que não levassem cartazes que pudessem incitar, por exemplo, o fechamento do STF.
Em pouco mais de 20 minutos, Bolsonaro discursou para uma multidão vestida de verde e amarelo e o objetivo central era dar explicações sobre a acusação de tentativa de golpe no país — investigação conduzida pelos federais que tem trazido dor de cabeça ao Capitão e seus principais aliados. Bolsonaro citou a minuta de um decreto para instituir o estado de sítio, mas disse que para isso seria necessária a convocação do Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, o que ele não fez.
Presenças e ausências — Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, marcaram presença. Participaram, inclusive, de um almoço, antes da manifestação, oferecido pelo governador paulista. Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás, também esteve na manifestação. Ele tem dito que vai disputar a presidência da República de 2026 e quer colar de vez em Bolsonaro em busca do espólio político do Capitão. Ao que parece, Bolsonaro tem em Tarcísio suas apostas para 2026 — já que esta inelegível até 2030.
O governador Ratinho Júnior (PSD) não compareceu à manifestação. Nas redes sociais dele, nenhuma menção ao ato político em São Paulo. Não há ruídos na relação entre Ratinho e Bolsonaro, embora ela já fora mais próxima. A bronca do Capitão é com o PSD, não com o governador paranaense.
O Paraná mandou representantes: o deputado federal Filipe Barros (PL), que é muito próximo a Bolsonaro, estava inclusive no carro de som. Paulo Martins (PL), hoje assessor do gabinete de Ratinho, também passou por lá assim como os deputados federais Giacobo (PL), Pedro Lupion (PP) e Stephanes Junior (PSD). O prefeito de Cascavel Leonaldo Paranhos e o deputado estadual Ricardo Arruda (PL) também marcaram presença no ato.
Deltan e Moro — Quem chamou a atenção foi o ex-deputado federal Deltan Dallagnol, do Novo, que esteve no evento ao lado do governador Romeu Zema. Já o senador Sergio Moro (União Brasil) não compareceu e, assim como Ratinho, não publicou nada na rede social ignorando a manifestação. Às vésperas do início do julgamento no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE), Moro preferiu não arriscar, já que qualquer movimento político agora pode refletir em um ou outro voto. Por via das dúvidas, preferiu não correr o risco.
Após o evento, o PT soltou uma nota criticando a manifestação convocada por Bolsonaro. Em um dos trechos da nota assinada pela presidente Gleisi Hoffmann, o PT diz que “o que Bolsonaro fez foi terceirizar para o Silas Malfaria, os ataques que sempre fez à Justiça, às instituições e à verdade”.
Malafaia foi um dos organizadores e financiadores do evento e durante o discurso soltou o verbo com críticas tanto ao STF como ao TSE.