Por Karlos Kohlbach
Atualizado às 11h44
Agora é oficial e tem data. Se nada mudar, se não vier uma inesperada contraordem de Brasília, Goura será anunciado no próximo dia 9, num grande evento, como vice na chapa de Luciano Ducci, do PSB. Estará pronta, formatada e formalmente apresentada a pré-candidatura da Frente Ampla de Esquerda que vai disputar a prefeitura de Curitiba na eleição de outubro. Ducci terá o PDT e os partidos PT, PV e PCdoB, que formam a Federação Brasil da Esperança, no arco de aliança.
Ao Blog Politicamente, Goura confirmou o evento na semana que vem, mas disse que não será oficializada, ainda, a aliança porque depende de uma decisão da executiva nacional do PDT. “Será um ato de entrega do Curitiba que Queremos, que é uma plataforma de discussão da cidade feita nos últimos meses através de muito diálogo e oficinas com diversas entidades da sociedade civil. Serão convidados políticos e representantes de diversos partidos, entre eles os que compõem a Federação Brasil da Esperança e o PSB, com quem estamos construindo esta possibilidade de aliança”, disse o pedetista. “No dia 9, a gente ainda não está oficializando uma aliança, uma unidade, porque a gente precisa passar pela Executiva Nacional. E a Executiva Nacional deve se reunir na semana que vem, a gente está na expectativa disso também”, completou.
A estratégia de deixar o PT como coadjuvante na eleição de 24 na capital paranaense não agradou em nada a base petista, mas faz parte de uma costura política nacional. Esta costura política pode ser creditada à presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, com forte atuação em Brasília, e do presidente do PT do Paraná, o deputado Arilson Chiorato. Enquanto Gleisi azeitava a aliança com Lula e os Carlos Lupi (PDT) e Siqueira (PSB), Chiorato atuava aqui pelas terras das araucárias.
A eleição de Curitiba, assim como a de São Paulo, faz parte de uma estratégia macro que tem como mote unir forças em 24 para garantir um palanque forte para o projeto de reeleição do presidente Lula em 26. Tudo muito bem planejado. Sob um grande mapa do Brasil, os dirigentes partidários se debruçaram e analisaram o cenário político eleitoral em cada uma das capitais — sem perder o foco num governo Lula 4.0.
Como as sondagens eleitorais apontavam para uma maior viabilidade eleitoral do ex-prefeito de Curitiba, Luciano Ducci foi ungido como cabeça de chapa. O PT até pensou em indicar o vice, mas a decisão em Brasília foi por um fechamento com o PDT. Goura atrai um eleitorado com perfil diferente de Ducci e tem um recall político de quem terminou a eleição de 20 em segundo lugar, atrás só de Rafael Greca. As críticas internas foram contidas e o PT promete colocar a militância na rua para eleger Luciano Ducci em outubro.
A bem traçada estratégia pensou e aparou todas as arestas para que não ficassem furos. Até a “histeria” interna era esperada. Mas o fator Roberto Requião, não. O ex-governador estava nos quadros do PT quando se desenhou o cenário e o posicionamento dos petistas em Curitiba, mas ninguém esperava que Requião deixasse o partido. Muito menos que lançaria pré-candidatura em outro partido. “Requião sendo Requião”, definiu um petista.
“Requião está para Ducci, assim como Ney Leprevost está para Eduardo Pimentel”
Pesquisas internas mostram o óbvio: Requião é capaz de tirar votos de Luciano Ducci. Aliás, muitos votos de petistas podem acabar com o ex-governador. É o racha dos votos da esquerda que Gleisi e Chiorato, com aval de Lula, tentaram desde o início evitar — colocando toda a esquerda e simpatizantes numa mesma trincheira. Ainda tem tempo. Requião sofre com o nanismo do PMN — sem tempo de televisão e fundo partidário.
A aposta do velho Bob tem sido nas redes sociais, com sucessivos impulsionamentos de conteúdo no digital. Quase analógico, Requião transita bem, com influência, na rede de Elon Musk — justamente a que tem menos apelo popular, direcionada mais para formadores de opinião. Sua valente equipe tem tentado aumentar a relevância de Roberto Requião no Insta — a rede “preferida” e mais visitada por curitibanos.
No Centro Cívico, alguns analistas políticos fazem uma analogia: Requião está para Ducci assim como Ney Leprevost esta para Eduardo Pimentel. E tanto Ducci quanto Pimentel têm um Palácio para “ajudar” a fazer o aliado procurar novos rumos em 2024.
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