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1ª pesquisa em Ponta Grossa traz cenário indefinido. Veja os números

Fotos: Divulgação

Por Regis Rieger

Com apenas uma semana de pré-campanha, mas herdeira do espólio político do “cantismo”, a deputada estadual Mabel Canto teve um bom desempenho na pesquisa de intenção de voto feita pelo Instituto Radar Inteligência, divulgada nesta sexta-feira (12) com o cenário da disputa pela prefeitura de Ponta Grossa, nos Campos Gerais. É a primeira sondagem eleitoral registrada na Justiça Eleitoral em 2024.

 

 

A entrada de Mabel agitou a corrida eleitoral na cidade e já trouxe reflexos no resultado da pesquisa, o que também mostra a força política do pai, o ex-prefeito e ex-deputado estadual Jocelito Canto.

O “cantismo” vem influenciando a política local desde o início dos anos 2000, quando Jocelito, um forasteiro da Princesa dos Campos, rompeu as amarras tradicionalistas ao derrotar candidatos que representavam a elite. Jocelito não nega que deseja voltar para a prefeitura, porém está legalmente impedido de concorrer ao cargo. Pelo menos por enquanto.

Ele aguarda uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que só deve sair em agosto, para reaver os direitos políticos. Caso isso ocorra, é possível que Mabel abdique da candidatura para dar espaço ao pai.

O resultado da Pesquisa Radar traz Mabel no topo em todos os cenários pesquisados — mas empatada tecnicamente dentro da margem de erro de 4%. Na espontânea, o empate é triplo. O ex-prefeito Marcelo Rangel (PSD) aparece com 8,7% da preferência, seguido de Mabel Canto com 8,5%. A atual prefeita Elizabeth Schimidt (União Brasil) vem em terceiro com 6% e, na sequência, aparece o deputado federal Aliel Machado (PV) com 1,7% e Elizeu Kocan (SD) com 0,3%.

Na estimulada, a disputa fica polarizada entre o candidato do PSD, de Ratinho Junior, e a filha de Jocelito. Mabel aparece com 33,1%, Rangel tem 27,7% e Elizabeth 13,8%. Aliel Machado aparece com 11% e a Professora Renata (PSOL) com 1,7%. Kocan tem 1,3% e Liliane Chociai (PSB) 0,5%. Apesar de estarem nesta pesquisa, Kocan e Liliane já anunciaram que não participarão do pleito.

Pesquisa simulou seis cenários de 2º turno e a rejeição

A Radar também testou ainda seis cenários com uma eventual disputa de segundo turno em Ponta Grossa. No “x1” entre o ex e a atual prefeita, vantagem para o candidato de Ratinho. Rangel aparece com 53% do eleitorado e a atual prefeita com 27,7%. Contra Aliel, o pré-candidato do PSD venceria: 51% contra 36,3%.

Rangel só é superado por Mabel Canto. Aliás, não só ele. Nas simulações de segundo turno, a deputada do PSDB vence em todos. A disputa mais apertada seria contra Rangel: 51,5% para Mabel e 42,3% para o ex-prefeito. Num eventual turno entre mulheres, Mabel aparece na pesquisa Radar com 59,3% e Elizabeth Schmidt fica com 32,5%.

Se Mabel e Aliel forem para o segundo turno, ela leva com ampla vantagem: 61,9% contra 25,3% do representante da esquerda. O resultado mais incerto, num eventual segundo turno, é na hipótese de Aliel Machado concorrer contra a prefeita Elizabeth. O federal parece com 43,8% e a pré-candidata do União Brasil com 42,7% dos votos.

O descolamento da atual prefeita na estimulada e o desempenho num eventual segundo turno chamam a atenção. Elizabeth se elegeu quando era vice de Marcelo Rangel, em 2020, tendo Ratinho e os irmãos/secretários de Estado Marcelo e Sandro Alex como principais padrinhos e cabos eleitorais. Ao longo do mandato, a relação estremeceu e eles estarão em trincheiras contrárias na eleição de outubro. Será o embate da atual contra a gestão anterior.

A prefeita tentou se filiar ao PL para garantir a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro na campanha eleitoral, mas Ratinho foi mais rápido e colocou o Partido Liberal no colo de Rangel — que deve ceder a vice ao partido do Capitão.

Além do distanciamento, outro sinal amarelo no gabinete do David Federmann (sede da prefeitura em Ponta Grossa). A rejeição da prefeita bateu em 28,6%. Aliel, que representa a esquerda, aparece com uma rejeição de 22,3%, enquanto Marcelo Rangel tem 16% e Mabel Canto 6,8%.

A eleição de Ponta Grossa tem tudo para ser uma das mais acirradas dos grandes centros urbanos do Paraná — com potencial para atrair os holofotes da classe política da capital. Ratinho já deixou claro que a Princesa dos Campos será uma de suas prioridades em 2024. O governador vai entrar de cabeça na campanha de Marcelo Rangel.

O ex-prefeito terá a vantagem de usar seus feitos ao longo de dois mandatos consecutivos para tentar convencer o eleitor a voltar para o Paço Municipal. Ao mesmo tempo, suas ações como prefeito poderão virar alvo dos seus concorrentes.

A prefeita Elizabeth terá de convencer os ponta-grossensses que fez mais que o ex e que os próximos quatro anos serão ainda melhores. O ponto sensível da campanha da prefeita será a saúde pública, já mapeada pelos adversários políticos.

Aliel e Mabel podem adotar a estratégia de só observar a guerra entre a atual e o ex-prefeito. O pré-candidato do PV é o representante da esquerda e contará com o apoio do presidente Lula — apesar de disputar voto numa cidade com eleitorado de perfil mais conservador. A filha de Jocelito corre contra o tempo e sequer sabe se vai disputar mesmo a eleição de outubro. Quem vai definir é a Suprema Corte. Se a Justiça liberar, Jocelito será o candidato da família.

Metodologia: Foram ouvidas 660 pessoas entre os dias 8 e 10 julho. A confiabilidade dos números é de 95% e a margem de erro é de 4% para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no TSE (PR-08101/2024).

 

Redação Redação:

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